casa inteira

ela acordou antes das 7h. era ele, que caminhava na sala em direção aos cds.
ele escolhera charles mingus.

o moço girou o relógio do forno elétrico, mas ela botou os pães de queijo para assar no forno à gás.
por sorte, ela não saiu de casa no mesmo horário que ele.
resolvera ficar mais um tempinho deitada.
precisava de mais algumas horas.
tinha que desligar-se por um tempo.
era uma necessidade. seu corpo pedia.

passaram-se algumas horas. mais de três.
e ela sentira um cheiro ruim.
sua cozinha estava prestes a incendiar-se.
o relógio do forno estava quebrado e a potência era a máxima.

sachês de adoçantes já haviam derretido. pacotinhos de açucar união já estavam escurecidos o bastante para não mais se ler a sorte.
a cozinha fedia a queimado.
e havia fumaça.
ela assustou-se e pensou o quanto foi bom ter respeitado a sua preguiça matinal.

nela, ele despertou sentimentos adormecidos..

estava num restaurante indiano, ontem, com a lu
lu me disse no meio do almoço: - vc precisa reproduzir! ter uns filhos!

até meu pai já disse isso. me falou que preciso ter um filho para levar o sobrenome a diante.

hoje lu deu um presente para meu filho.
um lp: 23 cantigas de roda.

para alimentar a sua tranquilidade

ela parou na esquina da augusta, na kopenhagen, para beber um café.
na sua xícara não entra nem um grão de açúcar, mas ela não resiste à brincadeira de ler a sorte.
o pacotinho que saltou para dentro de sua bolsa, dizia:
se apaixone mais vezes, mesmo que seja pela mesma pessoa.

ok.
ela vai seguir a dica!

deles...

era madrugada quando se encontraram, passava das 3h.
ele telefonou perguntando se ela estava acordada.

falaram de relacionamentos frustrados, não o deles, falaram de outros.
não sei porque não falam muito sobre si mesmos. ela tentou alguma vezes, mas ele se cala.

dormiram abraçados, juntos, apertados, como há tempo não dormiam.
só pegaram no sono depois que viram o sol nascer.
quando ainda estava escuro, ele apontou algumas estrelas para ela.

usavam o mesmo pied-de-coq, ele na camisa, ela no lenço no pescoço.
ele disse que só ela enxerga os fios ruivos que se escondem entre os seus cabelos escuros. ele não sabe, mas ela vê muito mais que os fios ruivos, coisas que só ela consegue ver nele.
ele viu as novas sardas em seu ombro, a marca do vestido de um domingo que se torraram no sol, e a nova marca do biquini dos dias em que esteve na praia.

das conversas que eu não queria ter ouvido...

[estava esperando para entrevistar una persona. o tal, conversa com um jornalista \ amigo:]

- cara, como a tua pele tá linda! [jornalista].
- ah, é porque to trepando sem parar! [o cara que eu aguardava].
- tá bom assim é?
- levanto as 11h só pra fzer a barba e passo o resto da tarde na cama.

e eu fazendo cara de pastel e olhando para o teto...

SPFW - Objetos de desejo - parte 1

fabia bercsek

alexandre herchcovitch

maria bonita

huxley do cambuci?

igor de barros da v.rom me disse em entrevista chic que as referências do desfile vêm de admirável mundo novo.

mas depois da entrevista, ao ver as peças na passarela, me pareceu imediatamente que os graffitis dos gêmeos ganharam vida.

dressing purple

clique aqui e adivinhe qual é o vestido ball's!!!

dica:
é um bem parecido com uma passarela do fashion rio inspirada nas ruas [ops!].

la dame del pUnk rock, aporta acá...

clique aqui.

das péssimas impressões...

passamos a madrugada na areia de copacabana, em frente ao hotel, bebendo champagne rose.

pouco antes das 4h, resolvi voltar ao 15ª andar.
passados 15 minutos, deu-se início à gritaria.
socorro, era o que berravam.
e não a primeira vez. durante um almoço ao lado do copacabana palace, ouvimos os gritos vindos de um carro na av. atlântica.

mas desta vez o desespero foi maior. porque lá de cima, podia bem ver dois homens sendo torturados por outros dois. enfiavam a cabeça de um dentro do mar, jogavam-os no chão e os chutavam.

minutos depois, os dois foram arrastados e postos dentro de um carro de polícia.

frases desconexas

- ele só estava batendo ou era a mulher dele?
[em ipanema].

***

- i'm here just to fuck. aren't you?
[na mesa ao lado, em um café em copacabana, s 10 da manhã].

frases de backstage não publicadas

- naaão!!! esta champagne é muito cara! compre uma mais baratinha!!

***

- vc não trouxe documento? cara, vc não trouxe a carta! então não abra a boca. acho que o juízado até já foi embora.

***

- come! este é o melhor catering da semana!

balanço rio - parte I

boas impressões:

- dos incríveis doces belgas, franceses e portugueses do garcia & rodrigues.

- das saladas delícias do celeiro.

- do bloody mary do fasano, o terceiro melhor de todos [continua perdendo para o do ritz e do cbzinho].

- da vista estonteante do rio othon palace.

- das madrugadas com chandon na areia de copacabana.

i'm back

minha mãe ocupou meu ap nos dias em que estive fora.

não resisti em publicar trecho do bilhete que ela deixou...

estou mais cansada. minha última noite aqui foi "linda": primeiro o músico, o pseudo cantor. depois conversas sobre baladas em algum andar abaixo. quando finalmente se calaram, os padres começaram a rezar.

candy, candy, candy, i can’t let you go

enquanto ela atravessava a marina da glória com seus óculos pierre cardin dos anos 70 prestava atenção extra na letra de candy. parece que aumentaram o som, só para chamar sua atenção.

- com licença. [falaram-lhe com sotaque puxado
- vc pode passar em tal lugar conversar com tal estilista?

a atenção foi quebrada. e ela acelerou a conversa, só pra ouvir mais um pouquinho de iggy.

cantadas, vestidos e uma sacola de frutas

fui à feira estrear a e bag que ganhei da osklen. estava doida por uma água de coco, mas o vendedor, e metade dos feirantes, estão sentados numa areia bebendo cerveja e falando do último jogo de futebol [se é que teve algum jogo recentemente].
- lá vem a "dotora" que não usa saco plástico. [berrou o moço da barraca de aspargos].

aquele cara da barraca de figos, que um dia me fez surtar e dizer umas boas por descontar da nota de R$ 20 a tal caixa de kiwi chileno que eu não queria, quis me enganar de novo. "esqueceu" R$ 2 do meu troco.
- foi pra ver se a senhora tava esperta. [com a cara que fiz, ele nunca mais vai querer ver se estou esperta].

***

antes, fui providenciar novos vestidos ball's, que me acompanharão na semana de fashion rio. deliciosos. aquela antiga lei "uma mulher sempre quer o que a outra escolheu", concretizou-se. uma cliente da loja, que já havia experimentado seus vestidos, me viu com um e imediatamente disparou "eu quero um! encomenda pra mim? igual, com o mesmo xadrezinho". fiquei feliz. porque acho que as pessoas devem usar mais ball's. por que? ah, é porque vestidos ball's têm efeito colateral. além de lindos e confortáveis, rendem cantadas. always.
belive me.

***

luiza e eu temos medo de um gordo que passa as tardes sentado no suplicy da lorena.
outro dia ele ficou um tempão nos olhando. e depois nos seguiu.
ele estava lá de novo.
e saiu atrás de mim.
entrei no santa luzia. fiz ele me perder. e me mandei!

***

recebi uma ligação de 14 mil km de distância.
aquele ex de outro continente.
disse-lhe dos planos para março.
nos veremos. mas de outra forma.
nos encontraremos em paris. num encontro que marquei com outros amigos.
será tudo bem amigável.
agora é a minha vez de fechar para balanço.
farei como a Lu. quando aquele moço inisistente me ligar de novo, direi:
- me ligue só ano que vem!
mas diferente dela, que disse isso 15 dias antes do ano que vem, direi 11 meses antes.

***

mais em: semi-anti-pasmódico .

***

atualizando o post: o e-mail reafirma o que tenho me convencido nos últimos dias.

maybe you don't want to put yourself out and about as much at the moment, socially or romantically. but watch that it isn't a fear of rejection that is making you disappear into your shell. just cuddle up close to those who make you feel warm and wonderful. this is quite a good time to retreat and get away from the outside world. self-protective and sensitive, you want to cling on to loved ones.

lhe disseram hoje que estava radiante

é como se ela tivesse fechado um livro e o levado à prateleira de uma biblioteca pública.
novas pessoas folherão aquelas páginas.
e outros livros ela lerá.

ela não quer. mas não se deu outra alternativa.
sabe que um dia abrirá os olhos e ele estará sobre o travesseiro vazio ao seu lado.

enquanto isso, procurará um caderno com páginas brancas, sem linhas. ou post-it coloridos.
anotará informações. dicas de filmes, pratos, músicas ou obras.

[...]

ainda sobre o nouvelle année

31.12:
ela chegou em SP as 6:30. tirou a roupa enquanto atravessava o apartamento e jogou-se na cama ainda desarrumada.
dormiu poucas horas. foi à garagem e seu carro estava sem bateria. aquela luz que vez ou outra acendia sozinha no interior do carro manteve-se luminosa enquanto ela viajava.
ainda de manhã sua amiga L.P. passou em casa busca-la e seguiram ao mercado municipal comprar lichias, cerejas, queijos e castanhas. era para a festa de mais tarde.

no final da tarde, ela não tinha mais vontade de comemorar o ano que entrava. esforçava-se para entender porquê as pessoas soltam rojões barulhentos e animam-se tanto com uma mudança de calendários.

foi atacada por uma barata. parece piada, mas não é. a trancou num canto.

não sabia o que vestir.
está mais magra, 5 kgs.
escolheu um vestido plissado, de seda. um vestido que tem mais de 30 anos e deveria ser usado na hora de dormir. mesmo com a sua coleção de camisolas da década de 1970, este modelo ela só usa em festas.

recebeu elogios. e foi a escolhida pelo cara que já havia bebido demais. foi rude. seu amigo e ex-alguma-coisa, mestre em palavras secas, até sentiu pena do moço. ela achou que foi pouco grosseira.

seus amigos perguntaram algumas vezes durante a noite, "esta tudo bem?". ela dizia que sim. mas não estava.
ela estava feliz, mas faltava alguma coisa.

sorriu. deliciou-se com o melhor bolo do mundo, o de verdade, da L.P. e sentiu-se feliz em ver o brilho nos olhos de um amigo que olhava admirado os fogos de artíficio.

***

01.01:
recebeu uma mensagem inusitada no celular.
achou melhor não responder. mas logo em seguida o telefone tocou. tocou de novo. ela prefiria o silêncio, mas atendeu.
o moço pedia para que ela cuidasse dele.
os cuidados que ela tem por ele são outros.
é honesta com ele.

foi almoçar com sua amiga. salada mediterrânea e bolinho de bacalhau.
um amigo ligou e foi ao encontro das duas. entraram no unibanco, dois minutos após o início de a culpa é do fidel. de lá foram ao frevo, falaram de suas infâncias, de gente pequena, de pensamentos castrados, de sociedade doente e de amores.

encerrou a noite com um café com L.P. no vila bahia.

***

02.01:
acordou logo depois das 6. com um bom humor quase contagiante. estava radiante. por isso, colocou o novo vestido ball's roxo, que ganhara da amiga. nos pés o all star dourado, aquele que quase não usa porque o couro ainda não está molinho e lhe rende bolhas nos calcanhares.

achou uma delícia trabalhar no prédio quase vazio. na cidade quase vazia.
passava das 16 h quando seguiu à rua augusta. chovia muito e o céu escurecido era iluminado por fortes raios e estrondosos trovões.
os raios maiores faziam com que ela afastasse o guarda-chuva de sua cabeça e olhasse sorrindo para cima. ela gosta de chuva. e principalmente de raios.
entrou em seis ou sete lugares em busca de um almoço. nada lhe agradou. até que foi ao arábia. restaurante vazio; mesas sem toalhas. só havia outra mesa ocupada, por um empresário de jogador de futebol.
ela pediu um chá gelado de hortelã e meia porção de fatouche. adora a combinação dos temperos com as sementinhas de romã.
L.P. foi ao seu encontro e as duas seguiram ao suplicy. e depois ao belas artes, onde assistiram em paris. ela achou o filme pretensioso.

ela quase ligou ao amigo que lhe enviara a msg estranha.
queria dizer-lhe que se pudesse controlar seus sentimentos, escolheria apaixonar-se perdidamente por ele. mas não pode oferecer o que ele quer, não seria honesto, nem com ela mesma, nem com ele.
optou pelo silêncio.
falara demais nos últimos meses.

decidiu silenciar-se por um tempo.
não quer preencher espaços.
quer mais dias como os de hoje. dias chuvosos, com ella fitzgerald cantando no carro.

ela não faz listas de metas quando entra um ano novo

[...]
deve ser porque ela só faz o que sente.
não adianta o planejamento lhe dizer quais passos deve dar.
as vezes estaciona, dá passos lentos e em outras joga-se do alto, de braços abertos sem para-quedas.

ela não sabe seguir a linha da previsibilidade.
o que não quer dizer que seja irresponsável. ao contrário. desde cedo assumiu grandes responsabilidades. aos 13 anos já vivia fora de casa e administrava seu próprio negócio. ela se tornou adulta muito cedo. e quando criança achava as meninas de sua idade desinteressantes. por isso, ouvia os discos de seu tio, 14 anos mais velho, lia Sartre, Rotterdam, fotografava nuvens, confidenciava tudo ao seu pastor belga dentro da casinha de cachorro e conversava com pessoas mais velhas.

ela não sabe guardar rancor e não gosta de pessoas vingativas. quando alguém lhe faz muito mal, ela simplesmente a apaga de seu caderno de telefones. desta forma, duas pessoas foram riscadas de sua vida. o tio que era tão importante e o ex-marido. [que na verdade não tornara-se marido, porque ela o botou para fora de casa poucos dias antes do casamento.]

bem convive com ex-namorados. e também com os ex-não-classificados-nesta-categoria. tanto que inseriu um ex em sua roda de amigos. e passou a tarde com ele e com sua melhor amiga.

em 2007 ela encontrou uma grande amiga, que se tornou sua melhor amiga.
teve um ano bem intenso. com boas histórias e sentimentos intensos. encontrou uma nova forma de amar e descobriu que esta pronta para ser mãe.

no primeiro dia do ano 8 ela deu conta que seu maior sonho esta bem encaminhado.
quando pequena, ela passava horas imaginando como seria sua vida aos 30 anos, idade que completará em 2009.

ela é feliz. e sabe bem o que quer.