segunda-feira, 19 de outubro de 2009

a caminho do funeral

as 23h o ônibus parou.
abri a cortina.
vazio.
escuridão.
um estouro.
é assalto, pensei na hora.
e o corpo estremeceu.
um medo sem tamanho.
olhei de novo pela janela.
e os outros dois passageiros dormiam feito pedra.
prestei atenção: uma claridade no mato.
não era claridade.
era o reflexo do que acontecia logo ali a frente.

dois caminhões (um quebrado e um de resgate) estavam no acostamento.
e um bi-caminhão (o mesmo que julieta) entrou naqueles dois.
de forma inexplicavel.
explodiu.

o mais difícil - e que deixou um vinco de agonia entre os meus olhos,
foi ouvir o motorista que gritava enquanto queimava.
e ninguém podia fazer nada.

passado mais de uma hora, o bombeiro chegou.

fotos: adriane hagedorn \ rodovia régis bittencourt a uma hora de registro.