domingo, 28 de outubro de 2012

no escurinho do cinema

e no fim de "Io e Te; de Bertolucci,
os dois dançaram,
um rodopio e dois passos tortos na sala de cinema

e sorriram por toda a noite

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

traição

uma mesa longa no fim de tarde com muito vinho, grappa, doces e outros licores.
à mesa: um padre integralista, um casal (ela irmã de padre) com uma filha divorciada; uma mulher que todos imaginam traída pelo marido (apesar de ninguém ter a prova concreta e ela fazer de conta de que nada acontece); uma senhora de cerca 80 anos que com o marido comeu o pão que o diabo amassou; minha sogra (que vive sob as ordens da igreja); e nós dois.

a discussão era sobre o divórcio: abominado pela igreja.

o padre, muito diplomático, discursa que num caso de traição, um tem que saber perdoar e o outro precisa mudar.

nós meros não católicos (e que segundo a nossa sogra não temos um matrimônio de verdade porque não nos casamos na igreja) defendemos o nosso ponto de vista: que se não existe mais amor, ou em caso de traição, ou ainda, quando o respeito entre os dois não existe mais, o divórcio é a melhor opção.

o casal (que tem uma filha divorciada) até há pouco tempo sustentaria a opinião da maioria da mesa caso não tivesse passado por uma situação extrema na família.

e a senhorinha que sofreu a vida toda com um marido bêbado diz:
- em caso de traição, se o homem (porque claro... na cabeça delas é sempre o homem quem trai, já que o papel da mulher é a da eterna submissão) não deixar faltar nada em casa para a família, o casamento segue igual.

e nessa visão católica nós é que somos aqueles que não vivem um matrimônio de verdade!!
pois prefiro viver assim até o meu último dia de vida do que viver em uma mentira com a benção de um padre!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

pela metade

Matteo, 5 anos, para no corredor, olha bem os dois quadros e me diz:
 - zia adri, por que você não pendurou os dois quadros bem juntinhos?

eu rio e pergunto o por quê de tal observação.

 e ele me diz:
 - porque desse jeito aqui parece até que alguém cortou a mulher pelo meio!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

groupie das antigas


ela falava sobre esse texto aqui





Tem mais aqui

coração apertado

ela diz:
- o bebê do mirko nasceu! a laura acabou de me mandar uma mensagem

ele:
-sim, eu vi. recebi a mensagem dele.

ela:
- você respondeu?

ele:
- ainda não.

ela:
- mas é um dos teus melhores amigos!

(silêncio)

ela:
- vai, responde a mensagem. é um momento tão feliz que eles dividiram com a gente.

ele:
- vou responder: te invejo.

e ela se acomodou no sofá e mordeu os lábios pra não chorar.

sábado, 29 de setembro de 2012

coisa de filme

pode parecer toc, ou limpeza excessiva,
mas se tem um coisa que chega a me dar calafrios de tanto nojo é a cena tipica de filme americano, em que alguém (seja em uma cena feliz ou triste) se joga na cama com os sapatos.

não só se joga: se enfia embaixo das cobertas com os sapatos no pé!

me diz que na vida real ninguém faz isso?

e que os atores fazem só porque têm um tremendo chulé e poderiam fazer o set todo desmaiar se tirassem o sapato do pé... só pode ser!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

sem trança e com marido

ela: olha como o meu cabelo cresceu!
ele: vc bem podia cortar, né?
ela: cortar? agora que possa fazer uma trança?!
ele: sim, cortar.
ela: faz uma trança?
ele: quê??
ela: faz uma trança? eu sou muito desajeitada, não consigo fazer em mim mesma.
ele: vc tá brincando?
ela: não... faz uma trança vai...
ele: de jeito nenhum!
ela: mas essa é uma das obrigações de um marido!
ele: então eu quero o divórcio! rs




segunda-feira, 24 de setembro de 2012

auto conselho

não aceitar uma xicara de café em casa de quem não bebe café.

sábado, 22 de setembro de 2012

precisão seguida à risca

vou com o meu pen drive ao foto em toscolano maderno:

- quero duas cópias 13x18 de cada foto

a senhora arregala os olhos, olha pro filho que está atrás do balcão e me diz:

- não existe esse tamanho.

- como não existe? qual é o tamanho que vem depois de 10x15?

- 12x18

- ah... ok... no mundo inteiro é 13x18 e na italia a medida muda. então eu quero duas fotos de cada 12x18

o rapaz, ao perceber meu claro ar de ironia pega uma foto:

- é esse o tamanho não é?

digo:
- sim! esse mesmo!

ele tem a cara de pau de pegar uma régua, medir e me dizer:
- é 12,7 por 18

respondo:
-ok, quero duas fotos 12,7 x 18

(juro que não era em clima de piada. tudo falado muito sério!!)

a senhora abre o arquivo no computador e diz:
- Fabio, aqui na seleção de impressão só tem 10x15 ou 13x18. qual escolho?

- 13x18. mas vai sair 12,7x18

e eles fazem esse trabalho há mais de meio século!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

com a sutileza de um rinoceronte

se eu tivesse mais de 90 anos, acho que não gostaria de ouvir que a minha vida está por fio.
digo, se eu tivesse mais de 90 e tivesse uma vida e aparência melhor do que muita gente de 70 anos!

aldo, 90 anos, é primo da minha sogra.
é independente, vive sozinho, dirige, anda de bicicleta e todas as manhãs vai visitar os seus amigos.
até que alguém me dissesse a sua idade, não dava mais do que 70. quer dizer, ainda continuo não dando mais do que 70!

aldo é o típico homem com jeito de cafajeste... mas é a melhor exemplificação de que cão que ladra não morde.

passou mais uma década cuidando da mulher doente,
e agora, viuvo e com quase um século nas costas, olha, beija a mão e faz de conta de flertar com qualquer par de saias.

ele acha que todo homem sozinho deveria ir à cuba encontrar uma mulher
pq seu sobrinho foi, e se casou com uma cubana linda (não a conheço, mas ele sempre tece elogios).
e como me acha bonita, me chama de cubana também.

outro dia diz...

aldo: é luca... você não precisa mais ir à cuba
luca: mas olha que quando fui queria é visitar, ver a cultura, não fui procurar mulher.
aldo: sei, sei..

aldo: acho que eu é que devo ir à cuba!
minha sogra (com uma sutileza desconcertante): que cuba! você tem é que se aprontar pra ir daqui a pouco pro cemitério!


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

dos sonhos dele

a cada noite ele me diz uma nova coisa estranha,
por vezes senta, abre os olhos e me explica tudo com convicção

na manhã quando conto as suas falas da madrugada anterior, damos risada

essa madrugada, às 05h40:

ele: eu não condivido
eu: o que vc não condivide?
ele: da tua opinião.
eu: pq?
ele: você não pode esperar tanto.
eu: ãhn?
ele: vc levantou do sofá, pegou a comida do buffet de dentro da tv, daquele ali ó, olha dentro da tv; e me diz que o peixe não tá bom!!
eu: e peguei de dentro da tv, tipo woody allen?
ele: vc não pode esperar muito de um peixe feito há mais de quatro horas. até que está bom, viu?


***

essa manhã, acorda e me diz:
tive outro sonho estranho essa noite!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

"aceitando" a nova geração

tenho um sobrinho de 13 anos,
que aceita muito bem tudo o que a gente apresenta de música

se anima em ouvir stones pela primeira vez,
ou quer saber quem é o tal do elvis que falamos em uma conversa

em retribuição ele quer nos mostrar o que ele mais ouve..
a última?
justin bieber

e mesmo querendo dizer "desliga logo essa merda" deixei ele tocar a música inteirinha!

domingo, 2 de setembro de 2012

domingo a noite sozinha em casa

quatro taças de pinot grigio a luz de velas, com a minha camisola mais bonita, olhos delineados simplesmente pela vontade de treinar o traço, e um coque banana tão bem feito como nunca...
e não preciso de nem mesmo uma gota a mais para beirar a loucura por não ter ninguém pra uma boa conversa interessante por perto

tô de saco cheio de falar de filhos com uma; de problemas de mãe e filha com outra;
com outra, de complicações amorosas com caras estúpidos que não merecem nem mesmo uma piscadinha;
ou de lamentações de universidade com outra - entre uma rosnada vez ou outra com o namorado que nunca casará com ela, como ela tanto espera.

uma noite sozinha,
uma noite de crise
meia garrafa de vinho vazia
e eu quase procurando um bilhete aéreo.

só pra ter o prazer de sentar em uma mesa qualquer com as minhas amigas,
de falar de coisas boas,
de sair de uma sala de cinema falado na lingua original (e não com essa porcaria de dublagem italiana 100% das vezes),
de entrar num bar e ouvir uma boa música

aliás, preciso desesperadamente entrar num bar ou restaurante e ouvir coisas "familiares"

preciso de stones, kills, nina simone, who

preciso de quem diga "the who" e não "gli who"

preciso de quem me provoque, me leve a pensar,
que saiba o que é sofista,
ou que simplesmente saiba como se pronuncia keith richards

quero falar de arte com quem saiba quem são gilbert and george, ou damien hirst...

amo a vida pacata de lago/montanha,
mas preciso de seres pensantes ao meu redor

sábado, 1 de setembro de 2012

triângulo amoroso

personagens desse triângulo: matteo (5 anos), matilde (5 anos) e giacomo (3 anos).
os três vão à mesma pré-escola,
em que idades diferentes condividem uma mesma sala.
com a diferença entre "piccoli", "mezzani" e "grandi".

matilde é uma das primeiras a chegar à sala de aula.
e espera ansiosa por matteo.
assim que o vê, abre um sorriso encantador,
como se o sol tivesse acabado de iluminar um dia cinza e frio.

ele, em contramão, nem mesmo a vê.
matilde é invisível à ele.
mesmo sorrindo, pegando na sua mão e o fitando com olhos encantadores e brilhantes.
nada, não esboça a menor reação.

****

a família de matteo e giacomo se encontram:
- matteo tem uma "namorada"!
- ah, quem?
- a matilde!
- como assim a matilde? a matilde é a "namorada" do giacomo!

****

ou seja,  no raciocinio de seus poucos anos:
matteo é o namorado de matilde (para ela).

matilde não é a namorada de matteo (para ele).

por sua vez, matilde namora giacomo (para o pequeno de três anos).

e brincam todos felizes,
matilde com olhos só para matteo,
matteo sem nem mesmo ver a garota invisível,
e giacomo que a admira com doçura

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

o medo

ela diz à ele: estou tonta
ele: nem termine a frase
ela: mas vc sabe quando eu fico assim, é sinal...
ele: não fale em terremoto que dá azar
ela: mas eu não sou supersticiosa
ele: mas eu sim

e por três noites eles não dormiram direito esperando pelo terremoto que não chegou

terça-feira, 21 de agosto de 2012

ossos do ofício

e mexo tanto no mouse,
e tantas horas por dia,
que minha mão resolveu pedir uma folga forçada

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

sabedoria infantil

matteo, 5 anos (descascador oficial de batatas!) à stefania, 21:
m: tá vendo essas manchinhas no meu rosto? antes de sair preciso passar protetor solar, pra cuidar delas.
s: até porque se vc não usar, vai descascar como o meu ombro (e puxa a pelinha).
m: sim, tenho que usar pra não ficar parecendo uma batata pronta pra ser descascada!

terça-feira, 31 de julho de 2012

desdentada

há algum tempo quebrei um pedaço do canino dormindo,
gastei um valor absurdo pra refazer a ponta e em menos de três meses ela já tinha ido embora!

no último mês voltei a arrebentar os dentes enquanto durmo (a proteção feita e refeita pelo dentista já foi pro lixo de tão desconfortável)
pra completar, quebrei ainda um pedacinho do dente da frente num caroço de pêssego

um dia depois da minha cunhada ter feito exatamente a mesma proeza

não pensei duas vezes,
fui à farmácia comprar a placa moldável

muito mais confortável do que o do dentista,

mas me sinto uma traidora.
traio a mim mesma.

vou pra cama com a proteção,
mas não acordo sequer uma manhã com ela na boca!!

e mais: acordo as vezes com o barulho dos dentes.

algumas vezes tenho a cara de pau de guardar dormindo a proteção dentro de sua caixinha,

outras vezes, simplesmente largo no meio da cama.

tá na hora de tudo entrar em seu eixo, pra que eu possa voltar a dormir e não acordar desdentada

sábado, 14 de julho de 2012

nos anos 80/hj

em todo filme americano em que a história se passa em uma escola, há inevitavelmente a garota que é o alvo de deboche de todos, aquela em quem vão despejar uma lata de meleca caseira na noite do prom.

bom, eu não era exatamente essa garota... não era desengoçada, embora tenha usado 12 tipos diferentes de aparelhos odontológicos (inclusive o frei de cavalo), somado às minhas botinhas ortopédicas dr. scholl.

mas eu era aquela que passava 90% do tempo em monólogos internos, sozinha num canto - talvez tenha sido por isso que alguma freira do colégio tenha aconselhado a minha mãe a me encaminhar à uma psicologa.
simplesmente não suportava o papinho das meninas da minha idade, por vezes ficava ali junto à elas, me fazendo de morta, sem nem abrir a boca.
tampouco suportava as músicas que ouviam... por isso, tinha sempre por perto meu walkman sony preto com as fitas k7 gravadas pelo meu tio. preferia blondie do que xuxa (apesar de que sim, eu também tinha o vinil da xuxa, como qualquer criança dos anos 80 - só não era o meu preferido). amava um vinil "internacional" de capa amarela, de uma novela... tinha uma foto com a debora bloch e o falabella (?), e minha fita do lobão (com quem, apesar de poucos encontros, adoro conversar).

me senti uma imbecil de marca maior no primeiro encontro com a psicologa (aliás, acho que com essa não passou de uma vez - era a mãe de um menino da minha sala, de quem não lembro nem mesmo a cara, só sei que tinha olhos verdes).
a terapeuta me colocou de frente à uma casa de boneca que era quase do meu tamanho, deixou 3 ou 4 barbies à minha disposição e pediu pra eu brincar ali.
e ela ficou sentada em uma cadeira que deixava o corpo no ângulo de uma cadeira de balanço, mas não balançava (pausa: adoro essa palavra "balançava" em italiano: dondolava), e anotava se eu tinha colocado a barbie pra dormir, e a outra no jardim e a outra sei lá onde....

já com a segunda psicologa tudo andou muito melhor. mas quase matei minha mãe de desgosto quando a psicologa pediu para eu me desenhar junto à pessoa mais importante da família...
me desenhei com o urso, um pastor belga com quem eu afagava minhas lágrimas, divindo o pequeno espaço da casa de cachorro.

voltando às meninas da minha idade...
as achava umas grandes idiotas.
mas idiotas mesmo.
por vezes não me mandavam o convite de aniversário,
contratavam os serviços do foto da minha vó e perguntavam à ela (ou a quem tivesse ido fotografar) por quê eu não tinha ido à festa!
ora bolas, não tinha ido porque não fui convidada.

assim como não me uni ao halloween em que foram pedir doces à minha vó,
lembraram de mim e resolveram me chamar de última hora.
minha mãe, ou meu pai, disse que eu estava na casa da minha vó (que era casa vizinha),
e elas passaram minutos na frente da casa da minha vó berrando o meu nome. e eu ali, me fazendo de morta e pedindo pra minha vó dizer que eu não estava.

aliás, se fazer de morto é uma coisa que qualquer um aprende nos primeiros cinco minutos na casa da minha vó.
é só tocar o telefone para quem se dispor a atender perguntar ao outro: você esta? acho isso incrível! queria eu ter alguém pra atender meu celular quando não quero falar e dizer que não estou!! há!
faria isso ao menos cinco vezes por semana!

agora me diz: que criança vai se unir com sua camiseta do snoopy (que eu a-m-a-v-a e queria ter num quadro até hoje!!) junto às amigas vestidas e maquiadas de bruxa?
eu é que não ia!
hallowenn pra mim é como o que fui na minha escola de inglês, a pink and blue: com meu longo nariz de isopor com verrugas grandes e pretas, meu vestido preto de mangas longas até os pés, minha melissinha vermelha, longos cabelos artificiais amarelo e um chapéu cone pra bruxa alguma botar defeito!
nessa noite o tio rieping (era o melhor amigo do meu pai) foi me buscar na festa. e eu estava num orgulho tremendo porque sabia pedir popcorn e lollipop sozinha na caixa do bar! (não sei nem quantos anos eu tinha... talvez cinco ou seis).

era o mesmo lugar onde poucos anos mais tarde fiz aulas de datilografia.
e como odiava essas horas... meus dedos ainda muito pequenos e finos ficavam presos entre as teclas da máquina. ergh! como odiava!

uma das meninas da minha sala, era do tipo que achava que tinha o rei na barriga.
(bom...sua família tinha tido o rei na barriga... mas ele foi pra guilhotina).
um dia nossos pais estavam atrasados e ficamos só nós duas sentadas no portão do santos anjos esperando por eles.
e ela me pergunta: que carro teu pai tem? como se tivesse me ajudando a procurar o carro certo na rua deserta!
na época ele tinha três.
e quando respondi vi seu rosto se desfazer, como em desenho animado. parecia derreter.
depois desse dia ela se aproximou de mim.

achei gente que falasse a minha lingua só muitos mas muitos anos mais tarde.

e agora, moro em um lugar que me sinto como se tivesse voltado aos tempos de escola.

vez ou outra tenho alguém interessante por perto pra falar (amigos que vem passar um fim de semana por aqui), mas na grande parte do tempo, sou eu e meus monólogos...

preciso arrumar um walkman sony preto

quinta-feira, 12 de julho de 2012

mais real, e menos virtual, por favor

sou do tempo em que se escreviam cartas
(isso soa tão antigo)

e isso não faz parte de um passado remoto
até hoje é assim... minha vó e eu trocamos cartas,
com fotos, postais e chocolates (que por sinal, nunca perguntei se chegam derretidos)

talvez por isso, não consiga entender por quê raios tenho uma vizinha (não vizinha de porta, mas que mora na redondeza) que passa o dia me mandando o diabo a quatro pelo facebook, e que quando me encontra - como há cinco minutos, no armazém entre nossas casas - mal me dá oi!
aliás, só me diz "ciao" muito timidamente, porque eu a cumprimentei já de longe!

mas não sou uma alienada que vive no passado
longe disso... também passo o dia conectada, e subo atualizações o tempo todo,
mas não encho o saco de ninguém

é a minha forma de dividir com os meus amigos e com a minha mãe, a minha vida que acontece à 12mil km de distência deles...
a diferença é que não só cumprimento como abraço essas pessoas




sábado, 30 de junho de 2012

apoio moral patrocinado pelo canale cinque

e eu que não acredito em horóscopo e bulhufas, presto atenção no nosso (que é o mesmo) na manhã de hoje no tele jornal:

"agora que você sabe todos os agravantes da situação, não se iluda. vá em frente mantendo o foco".

e ele me olha com o olhar mais doce,
com a certeza de que vai dar tudo bem.

um trator passou por cima de mim

é estranho,
mas é a terceira vez que a mesma cena se repete.

enquanto estamos no consultório médico eu ouço tudo com atenção, recebo as notícias mais dolorosas com expressão de apresentador de jornal nacional, faço todas as perguntas e não perco o foco.

basta entrar no carro, que não consigo nem mesmo formular uma frase. paro nas duas primeiras palavras, não consigo ir adiante.
não consigo nem falar de tanto que choro.

é a mesma reação que tenho no meio de um assalto.
se tem um ladrão do meu lado, o meu sangue se congela, descrevo cada movimento, entrego tudo com calma, e dois segundos mais tarde, quando tudo acaba, desmorono.

pelo menos desta vez parecemos estar no caminho certo.
parece que encontramos o médico certo.

não é o engraçadinho que diz: "é, o resultado mostra poucos espermatozóides, mas na verdade vocês precisam de um só".
não, caro mio, não precisamos de um só. precisamos de pelo menos outros 20 mil empurrando esse ai.
ou ele não chega a lugar algum.

o mais duro é que a inseminação, que era o caminho pelo qual iamos, já foi descartado.

é difícil, mas a vida toda me questionei por quê uma pessoa opta por fazer in vitro.
sempre pensei: mas tem tanta criança já por ai, pronta pra adoção, por que gerar uma em laboratório?

me parece uma coisa fria.

mas depois de muito choro,

é a decisão que tomamos.

se der, porque ainda nem mesmo sabemos se podemos,
será feito.

e o segundo será adotado.

mas tendo decidido, me sinto fraca, sinto faltar o ar,
sinto uma dor indescritível.

junto aparecem milhões de dúvidas.
e a pior de todas: e se não der?

terça-feira, 26 de junho de 2012

arranca meu coração com as mãos

e ele me diz: coloque as pernas pro alto.
fiquei assim meia hora, imóvel.

penso antes de falar. penso dez vezes antes de falar.
mas não resisto. é muita tortura pra mim.
pergunto: vc sabe que não tem o menor cabimento, não é mesmo?

ele me diz: mas a tua amiga seguiu as regras do doutor e engravidou!

e não sei o que me faz mais mal. se é ver que ele se recusa em aceitar o resultado do exame médico, ou em acreditar que tudo pode acontecer como mágica.
ou se acredita na delicadeza do médico de família que falou brincando "na verdade pra fazer um filho vocês precisam só de um" (como num tom de quem diz: não sou eu a dar a má notícia).

pode ser poético na teoria. mas na prática é destrutivo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

não pertenço mais à casa em que cresci

quem poderia ir ao "embarque" em vez de "desembarque" buscar alguém no aeroporto?
pois eu era aquela que esperava num vento frio na manhã de hoje de curitiba.
gritos, frases repetidas e a sensação de "já vi esta história antes".

não foi um mero deja vu... nosso último encontro num aeroporto foi tão tumultuado e confuso que pareciamos duas pessoas que não falavam a mesma lingua. uma fala grego, a outra chinês.

frieza.
palavras duras antes mesmo de um carinho,

e há quanto tempo mesmo não nos viamos?
pois é.

não eramos nem mesmo amigos ou mero conhecidos.

mas me sinto uma estranha aqui dentro.
uma estranha no meu próprio quarto.

uma estranha que no meio da noite deve ouvir:
- o que vamos comer hoje?
- (tentando manter a história com bom humor): eu que sou a visita aqui, lembra?
- então vou passar fome.
- ótimo. seremos dois.

e no meio de todo esse manicômio, digo:
- se eu fosse você teria vergonha.
vergonha por não me ver por mais de um ano e meio e no lugar de aproveitar cada segundo, o que você faz é botar tudo água baixo.

mais uma vez me sinto uma idiota por querer alimentar uma relação que só me faz mal.

cortar a relação me faria ainda pior. me mataria.

o melhor é continuar a 10mil km de distância... onde ele é doce ao telefone, e ela vez ou outra me desliga na cara e se irrita nas minhas duas primeiras palavras.


sexta-feira, 1 de junho de 2012

meu lado japonês

como todas as noites, ele se adormenta no sofá 30 segundos depois de ligar a tevê,
enquanto eu estou ali, sentanda quase sobre os pés dele, no meu cantinho bem acomodada com a almofada de oncinha, o sudoku da semana nas mãos e a xícara de chá com mel à minha esquerda

antes dele fechar os olhos digo: me explique como é possível que eu termine mais rápido o terceiro nivel de dificuldade do que o primeiro, que em teoria é o mais fácil.
ele: ah, e você vem perguntar isso pra mim? nem sei como isso funciona!
eu: vem cá que eu te explico, é simples
ele: ah não, não, não. deixa isso pra lá. acho que eles brincam com você e colocam um de outro nivel de dificuldade disfarçado de fácil!

e não é que eu acho que ele tem razão!?

em tempo: confesso que adoro completar o nível do mais difícil!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

só perguntas burocráticas, por favor

por que as pessoas insistem em perguntar aos casais: "e o filho? quando vem?
quando vocês vão engravidar?
e o bebê?"

caralho

ou dizem: "ah, mas vocês não estão pensando em filho né? porque se estiverem vou te dizer: espere, curta a vida antes porque vocês tem tempo."

e eu me pergunto (dentro da minha cabeça óbvio): "mas você acha que eu vou decidir de acordo com um conselho de quem mal conheço?".

eu tô tremendo, e dessa vez não é nem por conta da terra que tremilica por aqui.
é por dentro mesmo.
é por conta das palavras do nosso médico.

caralho.
caralho em caixa alta!
C-A-R-A-L-H-O

existem coisas que as pessoas não devem perguntar.
e essa é uma delas.

portanto, se você me conhece, não me pergunte isso.
porque posso me fazer de morta, surtar ou dar uma resposta muito mal educada.


outro dia num jantar estavamos numa mesa longa.
giovanna, que não quer filhos e declara aos quatro ventos, contava que quer deixar a italia pra viver no brasil e cuidar de crianças carentes. disse que eles serão seus filhos.
irene, que acabou de ter um filho, me perguntava por que eu não queria voltar pro brasil, e eu explicava que era a nossa escolha. que quando se pesa na balança se vê que um filho aqui é muito mais "cômodo" e seguro do que no brasil. explicava que o mesmo não é válido quanto ao trabalho. que tanto eu como luca fariamos muito mais dinheiro no brasil. mas é a nossa escolha, a de ter a nossa família.

e irene sem pensar disse: vocês vão ver, o mundo gira tanto que a giovanna pode engravidar, e a adriane pode nunca ter o filho.

pois bem cara irene, é exatamente que isso que pode acontecer.
e quer saber?
a vontade é a de sair por ai chutando latão de lixo! até toda essa raiva ir embora.
e só então parar pra pensar com calma.

ninho

sou muito orgulhosa de todos os ninhos que temos no jardim de casa
coloco semente de linhaça, fruta e uma bola de semente mista por todos os cantos (principalmente no inverno) para os passarinhos.
mas com isso o que aumentou mesmo foi a frequencia dos gatos por aqui.
e apesar de adorar gatos (e não poder chegar nem perto por conta da alergia) acabo fazendo um "shhhhttt" cada vez que vejo um pra espantar pra longe dos meus passarinhos.

mas agora tô pensando seriamente em comprar o tal spray de hormônio pra passar em cada canto do jardim! pra ver se esses gatos vão pra outra vizinhança.

ontem a tarde ouvi que o vizinho cortava grama, e achei estranho ontem a noite quando via umas graminhas na varanda de casa. não tinha vento tão forte assim pra voar até aqui.

essa manhã vejo que não era grama, era um ninho inteiro destruido no chão da varanda.

aliás, assim Luca finalmente acreditou que tinha mesmo um passarinho construindo o ninho na varanda - o que ele dizia ser impossível, já que estamos sempre por ali.

primeiro pensei no gato.

mas muito otimista como ando nesses últimos tempos, pensei  que deveria ser resultado do último terremoto, o de terça.

mas a teoria caiu em dois segundos... o terremoto forte foi às 13h, e Tina, a faxineira, limpou tudo a tarde. 

voltei a pensar com raiva no gato gordo!
sei que é a lei da natureza... mas que vá encher a pança com um bom prato de ração!

terça-feira, 29 de maio de 2012

é hora do desenho

9h da manhã e brummm veio o terremoto fortíssimo.
eu estava no hotel, pra tomar café da manhã com a minha sogra.

na hora, peguei pela mão o meu sobrinho de cinco anos e o levei pro jardim.
ele não entendeu nada,
por incrível que pareça não sentiu nada.

estava preocupado é em voltar pra frente da tv assistir o seu desenho.

expliquei o que estava acontecendo,
e ele me diz com a maior calma do mundo: eu vi no wild o que é um terremoto.
continuou: eles explicaram que na hora temos que sair de casa.

respondo: foi o que fizemos!
ele: mas é hora do meu desenho!

sensibilidade paterna

se há uma coisa que falta no meu pai é a sensibilidade de deixar algumas coisas só no seu pensamento e de não transforma-las em palavras.
como hoje por exemplo, quando eu, em frangalhos pós terremoto (o terceiro do dia), tremendo como a terra, e contendo o choro, liguei pra ele.
e ele, na maior tranquilidade me diz:
tá vendo, o mundo vai acabar!

mas nessa hora, tudo o que eu (ou qualquer outra pessoa) preciso é um: "vai ficar tudo bem, se acalme".

é pedir muito?

domingo, 20 de maio de 2012

o raio do terremoto

04h04 da madrugada: vuuuuuuuuuuuummmm e a casa toda começa a tremer

a cama antiga de outro século fazia barulho
e eu gritava: "vamos sair de dentro de casa",
mas meu corpo não obedecia, o medo era tanto que fiquei alguns segundos imóvel, repetindo à ele: "vamos sair de casa!"

foi o barulho das coisas que caiam da prateleira na cozinha que parecem ter acordado a parte do corpo que não obedecia. e saimos da cama num salto.

não dá tempo de pensar em calçar qualquer coisa no pé, não dá tempo de pegar um casaco,

e quando abrimos a porta, tudo parecia ter voltado ao normal.

voltamos pra dentro, mais do que assustados, com os olhos mais abertos do que os de uma coruja.
voltamos sem a sensação de que a casa estava descendo montanha baixo.

voltar pra cama... nem pensar!
o medo é tanto que a primeira reação é a de se acomodar no sofá (que é mais perto da porta).

e a madeira do teto que continua a trabalhar, estalando só piora.

15 minutos mais tarde vou fazer xixi... e lá que vem um novo terremoto, mangnitude 4,3
e o medo era tamanho que não consegui me mexer outra vez. por mais absurdo que pareça, fiquei lá até terminar todo o xixi, como se estivesse na maior tranquilidade.

pequenos tremores continuaram a cada 15 min... e chega um ponto em que não sei mais se é um tremor ou é impressão.

deitamos no sofá, ele toma suas gotinhas de lexotan, nos acomodamos juntinhos e... lá vem outro forte, 4,9 - nada perto do primeiro.

foi assim o dia inteiro... 126 terremotos em um dia.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

vilarejo

moro num vilarejo em que as pessoas ainda sabem dos acontecimentos importantes pela igreja

fico desconcertada quando toca o sino da morte, para avisar a todos os moradores de monte maderno que alguém daqui morreu

é a terceira vez desde sexta feira

e me faz pensar, a cada vez, que esse gesto mostra tão mais respeito com a morte.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

crianças em versão 3D

matteo, leo, davide e cesare, os três filhos e um sobrinho de um casal de amigos, brincavam no parquinho do jardim de casa.
todos entre quatro e seis anos.

meninos, suco derramado, uma bandeira preta com caveira no alto do escorregador e gritos, afinal, "eram piratas".

pergunto: mas vocês são piratas bons ou tenho que ter medo?
eles: somos os piratas do caribe 3D!!!

tão tecnológicos que dispensam os óculos!


domingo, 22 de abril de 2012

conversa de tia e sobrinho

ela mais de 50; ele cinco.

ela: puxa! perdi um botão. e agora? acho que vou colocar um botão de outra cor, porque não tenho mais igual a estes da camisa.
ele: sim! e depois pode fazer o mesmo no jaleco da escola? o do meu amigo tem um botão de cada cor! é o mais legal de todos! o meu não... é como de todos, com botão branco.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

desapego

adoraria me impor à regra de tirar uma peça do armário ao comprar uma nova.
mas não sou tão superior.
ainda.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

não sou estilista nem técnica de informática

é engraçado,
quando dizia que cursava a universidade de moda muitos me diziam: ah, quando eu casar vou te procurar pra desenhar meu vestido de noiva! ou, chutava de cara a pergunta: e qual é a cor da estação?

agora, os pedidos de desenho de noiva cessaram (ufa!) mas no lugar me aparecem perguntas técnicas do tipo: quando fecho um pdf por que não consigo mais entrar no arquivo? e quando respondo que não entendo bulhufas de pdf, excell ou word, me perguntam com os olhos esbugalhados: mas você passa o dia no computador?!

ou então me perguntam (ao menos uma vez a cada dez dias) quais são os sites que uso pra baixar música e filme, e fazem a maior expressão de decepção quando digo que sou um tipo a moda antiga que ainda não acha ético baixar, e que prefere comprar disco, cd e filme.

terça-feira, 3 de abril de 2012

hackeada

adoraria contar que passei a manhã na Grécia, a tarde na Tailândia e que em 20 minutos já voltei pra Itália.
mas na verdade é o meu email (velho e desativado) do yahoo que foi invadido!

e apesar de ser uma coisa tão estúpida e que parece brincadeira de criança,
dá uma sensação de impotência gigantesca!

sexta-feira, 23 de março de 2012

o nome

ele acredita em destino,
eu em acaso.

ele acha que ficarei grávida "quando tiver que ser",
enquanto eu acho que devemos determinar um tempo de tentativa, e entrar logo na longa fila burocrática da adoção.

fato é que queremos um filho. ou dois.
se depender dele, três.
sendo que um virá da china.
literalmente.
é o escritório de adoção que já escolhemos.

já tinhamos até um nome decidido para o primeiro bebé (que se seguir nossos planos, virá de nós dois), caterina. (... na nossa cabeça a primeira será menina).
mas ele odeia o apelido que todas as caterinas ganham por aqui... rina.
a nossa não pode ser cate?

num dia desses emma me veio à mente.
é o nome da minha avó. mãe do meu pai, mas com um eme só, ema.

não é uma homenagem.
porque se fosse, seria alice o nome escolhido, o da minha outra avó.
oma ema sempre foi tão "hagedorn" comigo.
como o meu pai.
não sei se era medo de mostrar emoções ou simplesmente não sabia como faze-lo.
pode ser que seja a segunda opção.
até porque eu tive, e tenho, que me esforçar muito. é tão automática essa coisa alemã (que eu odeio) dentro da gente.
talvez ela, como o meu pai, se viram mais confortáveis dentro da armadura.
eu resolvi sair dali.
mostrar emoções,
quebrar a cara. chorar. rir.
demonstrar.

mas essa é uma outra história...

o fato é que hoje entrei uma livraria,
vi um livro de significados de nomes (na seção de cuidados com bebê, etc) e pensei: o que significa emma?
abri ao acaso e bam!
tava lá: o primeiro nome na página em que abri: emma

liguei pra ele na hora!
contei a história.
e disse: significa lupo! lobo!
e senti que faltou o ar pra ele, que tem um lado lobo.

me respondeu: será emma!

quinta-feira, 22 de março de 2012

o (não tão) eterno retorno

se um dia eu encontrasse com o tal gênio da lâmpada, um dos meus três pedidos seria o de que cada homem da face da terra menstruasse ao menos uma vez na vida!

sexta-feira, 9 de março de 2012

sensações do passado

é incrível como do nada vem à tona algumas sensações ou lembranças de décadas passadas...

1. a sensação de pisar no tapete de "pelinhos" no chuveiro do quarto da mãe da minha amiga de infância, a Jayle.

2. a preocupação dos meus avós em dividir os ovos de páscoa que eu não encontrei nos esconderijos espalhados pela casa e que o sobrinho da minha vó (que tem a minha idade) o Daymon, já tinha encontrado. essa foi a única páscoa que ele passou com a gente, e a única que eu lembro claramente.

3. mas a minha melhor lembrança de páscoa é de quando, dias antes da páscoa, entrei no quarto em que a minha mãe guardava a tábua de passar roupa e outras coisas (um quartinho minúsculo, meio despensa) e achei um ovo de páscoa vermelho, pequeno. foi a coisa mais "uau" que aconteceu na minha infância.

4. o quanto era "desesperador" subir a escadaria da casa da minha vó com o meu tio que fazia barulho de monstro atrás de mim. o desafio era que se eu não gritasse ele me dava uma barra de diplomata.

5. aliás, diplomata era o carro dele também. o mais macio que eu já tinha andado. ele tinha ainda uma camionete antiga restaurada e me senti a pessoa mais importante do universo quando ele me levou à escola. a camionete estava sempre sem gasolina e ele dizia os seus truques pra dirigir sem acabar o combustível (o que eu achava mágico).

quinta-feira, 8 de março de 2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

casa estalando

ainda não me acostumei com os barulhos do gelo no telhado de casa
cada vez que faz um novo "tac, tec, tac" pareço um cachorrinho que ergue as orelhas pra prestar atenção no barulho... e a primeira sensação é a de que tem alguém caminhando no telhado.
e só então dou conta de que é o gelo...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

passarinhos

eu tava numa frustração danada por sentir os passarinhos piando muito nas árvores brancas de gelo enquanto a minha sacada tem comida pra eles em todos os cantos (além de duas casinhas vazias). tem a bola de sementes na mesa...a mesma que tem também pendurada na árvore...além de pão (intocado).
ontem reparei que tinha um primeiro passarinho que descobriu as comidinhas!
olha as pegadas dele na neve na sacada:
foi quando vi ele catando as migalhas que dei conta que a semente de linhaça pode ser um bom atrativo:
servido:
fotos: adriane hagedorn

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

cores de inverno

hoje amanheceu tudo branquinho... mudando toda a paisagem!


fotos: adriane hagedorn

friozinho

na quinta feira passada levantei cedo da cama... às 4h da manhã depois de virar de um lado pro outro sem conseguir dormir.
num canto da sala ainda tinha a caixa com a mesa de flores que minha mãe comprou nos dias em que esteve aqui.
pois foi no meio na madrugada que com chave de fenda e manual montei a mesinha...
depois passei às plantas: poda, troca de vaso e voilà... assim que o dia nasceu as flores de inverno já estavam prontas com um novo lugar na varanda!
(não dá pra ver na foto, mas o vaso do andar de baixo está cheio de brotos!)
passado um dia e chegou a previsão do tempo que prometia o último dia de sol! e foi só na terça (31/01) que cairam os primeiros floquinhos de neve.
tímidos... ensaiando uma neve que parecia de mentira
fotos: adriane hagedorn

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

o inverno chegou

estou tão feliz que errei com o fim do burrico!
descobri que tiraram ele dali pra protegê-lo do frio.
e quando tem um sol forte saem pra leva-lo dar uma voltinha!

ontem começou a nevar
franquinho...

e depois foi aumentando até que ontem a noite só dava pra sair com corrente nos pneus (pra quem, como nós, não trocou por pneu térmico).

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

é tipo viver numa montanha russa!

cansei dessa brincadeira

estou trabalhando, escuto um barulho estranho e corro pra cozinha...
todas louças estão tremendo

passa pouco tempo e chega aquela sensação horrível de tontura com vontade de vomitar e o coração que parece querer pular pra fora da boca

chega de terremoto

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

treme-treme

isso está parecendo treinamento pra ninguém aqui sentir mal em navio...
a casa parece que está sempre balançando!
aliás, falando em navio...
descobri que meu cunhado, suas mulher e filhos não só estavam no último cruzeiro da costa antes do acidente, como estavam no navio comandado pelo mesmo capitão!

burocracia

o dia começou errado...
o terremoto que aconteceu à uma da manhã não nos deixou mais dormir bem
e depois de duas horas ainda sentia o coração na boca

consequentemente, não acordamos no horário de sempre (aqui em casa, normalmente, pulamos da cama antes das 7h, ainda no escurinho do inverno).
as 8h30 ele me acordou no susto

tinhamos programado sair cedo para ir à brescia fazer a prática "pra", tipo um detran daqui

temos que demolir o carro, mas apesar de os documentos estarem em dia, pagos e as multas terem encontrado direitinho o caminho aqui de casa, o carro não consta nos registros oficiais. há!

e com isso, ligam da concessionária dia sim e dia não pra que um de nós cague um papel que diga que o carro não é roubado ou o escambau.

e adivinha?
faltou uma palavra na denúncia que fizemos na polícia, tipo um b.o.
e... óbvio, eles não poderiam usar o b.o. que falta uma palavra... dava pra sugerir pra usa-lo com o.b.

a comédia que não faz rir

ouvi tanto falar de "bridesmaid" nos últimos dias
e depois de ver o filme listar os indicados ao oscar (pausa pra dizer que amo a melissa mccarthy)... parei na locadora antes de voltar pra casa.
mas o filme é uma bosta!
nem colocando blondie pra abrir a trilha amacia o estrago.

fica tão evidente que é tudo comprado!


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

asinelo

quando luca era pequeno seu pai chegou em casa com um burrinho, e ele virou o "cachorrinho" de luca
o burro o esperava chegar da escola,
e eles brincavam a tarde toda juntos

mas um dia luca voltou da aula
e o burro não o esperava

ele rodou por tudo
subiu até onde o levavam para pastar
e nada do burro!

até que encontrou seu pai fazendo salame!
sim... do burro.
e assim, luca ficou um bom tempo sem comer salame.

pra minha sogra essa história é absurda. pra mim também, mas por razões diversas.
como católica ela afirma que deus fez as "bestas" (tradução livre de bestia, como os italianos chamam os animais grandes) para servir de alimento aos humanos.
não me sinto confortável com esse pensamento, mas caio no meu grande poço de hipocrisia, já que como carne de gado.

sempre achei estranha essa afinidade grande dele com o burrico.
mas entendi completamente ao momento que passei a levar maças, cenouras e peras para um burrico aqui na subida do monte.

no dia 12 de dezembro, nesta parte da italia, há a tradição da santa lucia que traz os presentes das crianças (ela é mais importante do que o papai noel). e as crianças deixam nas portas de casa feno para o burro da santa, além de uma xícara de chá para a santa.

meu sobrinho de cinco anos criou a história que o "asinelo" da subida era o da santa, e por isso, fomos agrada-lo com tanta frequência.

o que me espantou é que o burro começou a reagir como um cachorro mesmo. ele já nos reconhecia, corria para o portão nos esperar, abaixava a cabeça para o carinho e comia tão delicamente a fruta com pequenas mordidinhas que eu podia segurar a maça pela fresta da grade até que ele terminasse.

mas assim como o burrico do luca, esse não está mais ali.
e provavelmente (juro que dá vontade de vomitar só de pensar) está numa cantina gelada curtindo em forma de salame.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

congelou!

minha mãe ficou 35 dias esperando o frio chegar por aqui...
nada de neve, nada de termômetro negativo.

bastou ela ir embora pra tudo congelar!

o carro amanhece assim... todo congelado e preciso deixar mais de dez minutos ligado com o ar condicionado ligado fortíssimo para poder sair. enquanto no leitor continua a aparecer a mensagem: cuidado com gelo na estrada.
carro gelado na manhã de hoje

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

os olhos continuam brilhantes

dois meses se passaram desde que pisei a última vez aqui em saturno
e a garganta continua ardendo, mas desta vez, acompanhada de uma bela e forte bronquite, daquelas que eu não tinha desde criança

depois de acabar com um vidro de fluimucil e ter zero de resultado, recorri à farmácia natural (que custa doze vezes mais do que a alopática). e aqui estou, superando o nojo de tomar um xarope feito com baba de lesmas.
lesmas, fujam de mim!
foto: adriane hagedorn