sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

no shiatsu

o senhorzinho do shiatsu me diz:
- parei pra refletir e decidir se ainda queria trabalhar esse ano. ainda não sei se vou tirar um ano sabático. porque sabe... a vida deve ser planejada do zero aos 25 anos; dos 25 aos 50; dos 50 aos 75 e dos 75 aos 90.

(ele continua...)
- eu tenho 79 anos, tá na hora de planejar a minha última década.
mas pelo visto vou continuar a trabalhar... a minha mulher, que é meu mestre, disse que eu posso viver até os 120 anos. tem tanta gente por ai que vive até 120, né?
até porque... ainda não posso me programar pra morrer.
ainda não aprendi como farei do lado do lá sem o meu copo de lugana todos os dias... ou sem um miccio (gato) para acariciar.
ah, acho que se eu morrer eu vou ter que voltar logo! ainda não aprendi a viver sem as coisas que eu gosto!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o fim da fuga?

ela fugiu da indiferença dele desde pequena.
não sabia lidar com essa armadura que ele sempre usou pra se revestir.

passou pela fase em que bateu de frente.
se fez mal.
e fez mal à ele.

e mesmo assim ele não reagiu.

ela mudou de tática.
passou a dar carinho.

e mesmo assim ele não reagiu.

ela foi pra longe, longe - mais longe do que antes.
e quando ela atravessa 12 mil km pra vê-lo, ele a trata com a mesma indiferença de sempre.

ela chorou, se descabelou. e entendeu que esse era o jeito de ele amar.

um amor que sofre por demais.
que por medo de demonstrar qualquer afeto a um ser humano, se fecha num mar de insegurança.

vez ou outra ela sente ciúmes dos cachorros, com quem ele sempre falou com a voz mansa e com o agrado na mão.

mas até com eles está mudando.

e ela não tem mais nem de quem sentir ciúmes.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

bicho papão

nas primeiras noites em que ouvi os barulhos no telhado de casa quase enfartei.

no primeiro barulhão pulamos da cama! não passava das 3h da manhã e eu fiquei com os olhos arregalados na frente da tevê até levantar e tomar o café da manhã.

na noite seguinte o barulhão voltou às 5h... e a essa altura eu já estava bolando planos mirabolantes pra deixar esse gato longe do meu telhado.

nada que fizesse mal... afinal, eu sou aquela que com uns oito anos correu atrás de uns três meninos bem maiores do que eu porque estavam mirando pássaros com o estilingue!

só estava pensando em como assustar o gato...
pra que ele não me assustasse mais!

mas foi só contar ao pai que estava planejando jogar um copo de água no gato pra ele quase me deserdar!

há alguns dias o barulho passou a acontecer no fim da tarde - e não mais na madrugada.
é como se um bicho estive afiando as unhas.

e depois de mais alguns dias consigo ouvir bem quando ele entra e quando sai.

até que entendi...
em pleno inverno europeu, com algumas noites de neve e de vento gélido, o que ele quer é um cantinho quentinho.
e é por isso que se acomoda justo em cima do meu quarto ou da sala. é de onde vem o calorzinho do aquecedor!

e agora convivemos bem.

eu e o bicho papão no forro em cima da minha cama.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ele é igual ao meu pai

fim de semana em um quarto de hotel:
um aquecedor que não abaixa a temperatura - e insiste em manter o quarto com 24 graus (mesmo com as 4 vezes que me levantei de madrugada a ajustar para 19graus). não podia nem abrir a janela, já que fora a temperatura era congelante, e o vento frio faria o aquecedor trabalhar ainda mais forte.

pra piorar: carpet no chão - o que pra mim é sinônimo de nariz incomôdo no dia seguinte.

no dia seguinte acordo com o nariz seco e as pálpebras dos olhos inchadas.

não inchadas de sono, mas inchadas como se eu tivesse chorado uma semana ininterrupta.

e assim que me olho no espelho começo a reclamar da temperatura do quarto (pode fazer um frio siberiano lá fora, mas no quarto não durmo não aquecedor).

ele (igualzinho ao meu pai) me diz:
- isso deve ser resultado dessas porcarias que você usa nos olhos.
- do que vc tá falando?
- ontem vc usou aquela coisa nas pálpebras (sombra), usou o traço preto (lápis) e a tinta nos cílios (rimel).
- mas era tua alergênico! é próprio pra evitar alergia.
- e você acredita?!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

nova pancada

depois de sair do hospital onde minha sogra está internada, fomos à pizzaria.
logo na porta encontramos um conhecido.

conversa vai, conversa vem, e ele diz:
- em agosto serei papai pela terceira vez.

vejo que ele engole seco, e diz: nós estamos trabalhando.

o amigo responde: ah, mas eu nem estava trabalhando pra ter outro filho!
quem é louco o suficiente pra pensar em filho em tempo de crise? (bla bla bla)

***

mais uma dessas e vou andar com uma plaquinha no pescoço: "não fale sobre filho e gravidez comigo".

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

das coisas que eu não deveria falar...

... e talvez, nem mesmo pensar.
mas é automático.

me invade.

e quando me dou conta, estou ali, prestes a explodir de tanto rancor.

num zapping na tv na manhã de hoje caio num programa chamado "reparto maternita", um reality que mostra o cotidiano da seção de maternidade de um hospital italiano.

e ali estava... uma banguela com dois dentes na boca, que tinha acabado de ter três filhas.
ela queria saber se ao menos uma morreu.
não com o aperto no coração... mas buscando alivio.
pra "falta de sorte" dela, todas as 3 estavam bem.

senti outra vez a mesma raiva incontrolável quando a que tive outro dia enquanto lia sobre um casal inglês que teve 3 filhos na primeira vez, e 4 na segunda. o mero detalhe é que eles nem queriam ter filho, e que não tem nem como manter 7 filhos.

ando reagindo da pior forma possível...

mas quando vejo situações como essas, o aperto é cada vez maior.
chega quase a faltar o ar.
um nó aperta na garganta.

e o pensamento de que nunca conseguiremos engravidar se instala vez ou outra por aqui...