olhos pequenos e brilhantes

a caminho de budapeste

com a voz rouca, a garganta pegando fogo e o nariz chafariz

bolhas nos pés

meu melhor amigo em paris é um gps com opção para caminhos a pé!

paris, paris

saimos de brescia às 22:06 de ontem, destino paris, de trem

achamos que seria divertido e até mais conveniente (apesar do preço não ser atrativo) já que a estação é mais próxima do que o aeroporto

optamos pela cabine de 1' classe, com duas camas - o que foi ótimo, já que ficamos sozinhos.

e apesar dele (que não consegue dormir em casa e bebe litros de lexotan) ter dormido como nunca vi (ou ouvi) não consegui descansar.

pelo barulho, principalmente da senhorinha francesa vizinha de cabine que foi roubada no meio da madrugada (deve ter ficado com medo de se trancar dentro da cabine e deixou a porta libera). ela não estava sozinha, tinha o marido, que sequer abriu a boca.

e continuava a falar desesperadamente comigo em francês (eu estava no corredor) e a respondia em italiano. diálogo impossível!
nossa cabine de 1'classe não parece nada com aquelas dos filmes de outras épocas!

dia de teste

de tanto em tanto Luca inventa um novo prato e testamos em casa até chegar ao ponto exato de virar um item do menu do restaurante

hoje o teste foi: spaghetti de ostras (algumas inteiras, e outras no liquidificador, para o molho)

uma delícia!
foto: adriane hagedorn

cabelos curtos

fomos à milão no fim de semana

e não resisti ao convite de um amigo de infância do meu marido, cabeleireiro de mão cheia

e sai do salão adoré com os cabelos curtos

ah, bem que eu podia ter todas essas ondas nos cabelos todos os dias!

foto: luca perini

definição

hipócrita
hi.pó.cri.ta
adj e s m+f (gr hypokrités) Que, ou quem tem hipocrisia.

hipocrisia
hi.po.cri.si.a
sf (gr hypókrisis+ia1) Manifestação de fingidas virtudes, sentimentos bons, devoção religiosa, compaixão etc.; fingimento, falsidade.

assim que me senti na manhã de hoje.
uma hipócrita.
aliás, uma grande hipócrita.

quando meus cunhados me convidaram para a grande feira de montichiari fui a primeira a dizer sim e a me empolgar!
ao chegar lá e ver lebres selvagens como animaizinhos domésticos soltos que não saiam de perto do dono, ainda vi o comércio de animais com um olhar romântico.
mas foi ao chegar perto dos cavalos com feridas nas patas e cabeça, imundos e com cascos mau cuidados que meu estômago deu cambalhotas.

os donos ficam em torno dos animais, caminhando com bengalas importantes (daquelas trabalhadas) em busca de compradores. e nenhum deles gostou da minha resposta quando meu cunhado perguntou se eu estava gostando do passeio.
muito menos quando disse a luca (por acaso perto de um vendedor) que nunca na vida desejei tanto que "a revolução dos bichos" de george orwell acontecesse.

(fonte dicionário: michaelis online)

das histórias que não deveria contar

bebo muita água

mais do que os dois litros recomendados

não sei o que acontece, mas o computador me dá uma sede do inferno! sei que isso não tem o menor cabimento... mas assim que é! como passo em média dez horas por dia na frente do computador bebo de três a quatro litros de água.

mais do que óbvio, quando faço xixi não tem cor de nada... é água.

imagina então o meu susto ontem quando fiz xixi cor de vinho!

primeiro pensei... será que tinha algum produto de limpeza dentro do vaso?

na segunda vez pensei: xiiiii, devo estar bebendo pouca água

até que hoje entrei em pânico!

fui desesperada falar com meu marido, depois de ver que não só o meu xixi tinha cor de vinho!

já estava imaginando um câncer de bexiga e intestino (pra cair na loucura das doenças não preciso mais do que dois segundos).

até que ele começou a rir de mim.

e rir muito!

consegue imaginar a minha frustração?

agora vem a parte engraçada:

nunca gostei de beterraba. até descobrir que eu amo beterraba e a frase pronta do "não gosto" ou "não como" é alguma coisa que veio da minha infância.

com a tal compra orgânica da semana veio um carregamento de beterraba. e foi o que eu comi (com casca e folha - porque é uma delícia!!) nos dois últimos dias!

e por isso, hoje somos um casal que faz xixi cor de vinho

ligados por um lp

estavamos num jantar com um casal de amigos ontem no Q.B. (esse restaurante aqui), em saló e começa alguma musiquinha que faz com que luca pergunte:

isso é nikka costa?

e praticamente surtei!

(eu): como assim? vc conhece nikka costa?

(ele me diz): mas é claro!

(e o amigo): aquela dos cabelos encaracolados!

(a mulher dele): de quem vcs estão falando?

(o amigo): ah, deixa pra lá... isso não é do teu tempo! (a diferença de idade deles deve ser de 3 ou 4 anos e ela é mais velha do que eu)

nostalgia

tem dias que acordo com vontade dos meus livros, meus discos e filmes.

dá vontade de pegar um avião, mas ai lembro que não posso enfiar tudo em quatro malas.

1. porque não cabe nem 1/6 em quatro malas

2. porque a multa seria tão patética que valeria mais comprar aqui.

3. porque os dvds de lá não rodam aqui

4. além do que... seria eu e só eu a arrastar as malas do carro/saguão/aeroporto/carro/casa.

um container seria tão mais fácil... mas qual é mesmo o porto mais perto daqui?

e como eu faria no caminho porto/casa?

ah sartre, vou ter que aprender a viver longe de vc. ou aceitar a ideia de te ler em italiano.

quem sabe até me saia melhor lendo proust em italiano do que em português.

hora de ir pra livraria!

romã/melograna

primeira colheita do ano na árvore no jardim de casa

fotos: adriane hagedorn

chloe pode ganhar um amigo

tem um setter loiro magérrimo perdido aqui na vizinhança

provavelmente é o cachorro de algum caçador

tentei chegar perto hoje, dar comida e ver o número de telefone na plaquinha

mas ele está tão assustado que foge

não suporto mais os tiros

não aguento mais a temporada de caça

passo o dia inteiro ouvindo tiros

ontem a noite encontrei por acaso um caçador amigo da família

e ele estava indignado com aqueles que vendem a caça

disse que isso não é certo, porque um caçador (ou quem procura cogumelos e tartufo) faz por paixão e leva para a família e para os amigos

que quem quer vender deve trabalhar em um açougue

conversa vai, conversa vem, alguém perguntou que fascínio tem em caçar

ele respondeu que é uma paixão

e minha cunhada completou: é da natureza, é "affamare", acabar com a fome

respondi que a justificativa não tinha o menor sentido nos dias de hoje, que se você tem fome não sobe numa árvore para colher a fruta, ou não pega uma arma para derrubar um javali, você simplesmente atravessa a rua e vai ao supermercado

minha cunhada não está acostumada a pensar além da visão que a colocaram na cabeça desde pequena

e assusta com colocações como essas, mesmo que fracas.

fui adiante dizendo que pra mim não era nada mais do que exaltar uma sensação de poder, de exteriorizar que você pode mais do que um animal que na teoria tem mais força

e o caçador me diz: ah, mas a caça vem da pré história

digo: você derruba um urso e faz a tua mulher mastigar a pele durante dias pra amacia-la e depois costurar para que você a use no inverno?

pequenas perguntas desmontam eles.

chegou!!!

do sábado na croácia...

o despertador estava programado para tocar às 3h da manhã

mas não foi preciso

os sinos da igreja me acordaram às 2h e o ronco dele me fez levantar mais cedo do que o programado

segui à villa nouva encontrar vincenzo e a sua filha, e partimos para porec (parando três vezes na ida para tomar café!)

chegamos cedo e a mudança de tempo inesperada já tinha levado embora todos os turistas

a cidade praiana estava completamente vazia por conta dos 5 graus da manhã

a primeira coisa curiosa é dar conta que mesmo estando fora da itália, os mais velhinhos só falam dialeto veneto - o território já pertenceu à sereníssima (veneza) por isso leões e a arquitetura veneziana estão espalhados em todos os ângulosa economia local é o turismo (que agora morre até o próximo verão) e a pescana parte oposta ao centro da cidade (que fica junto ao pequeno porto) tem um grande parque, onde caminhei por mais de uma hora.

é um bosque com estradinhas e deve ser muito movimentado durante a temporada. é ali que as pessoas vão à praia.

tem muitos passarinhos nas árvores de frutas (o que mais tem é uma mini maça, do tamanho de um botão) e muitos esquilos correndo nos troncos e saltando de galho em galho.
no centro da cidade fui ao único ponto turístico: eufrazijana, a igreja mais impressionante que já visitei! a construção é de 588 e armazena um fascinante museu de mosaico com obras a partir do século II. mas como há essa forte raíz italiana, falta o lado croata em porec. não vi nem mesmo um restaurante típico local (a maioria dos lugares oferece pizza e pasta) e o restaurante que fomos com a indicação de ser um dos melhores serve peixes que não vem dali.

além disso o centro histórico está lotado de lojas que vendem produtos falsificados (de pólos à bolsas) e lojas de perfumes para comprar ao litro, como era a contém 1g antigamente.
na volta para casa paramos em grad novigrad

e apesar de ser um lugar minúsculo que de atração turistica (além da praia) tem só uma torre de 1883...
... que estava fechadaeu voltaria ali no verão para ir à praia.

é tão menorzinha e mais charmosa:

fotos: adriane hagedorn

vantagem de lugar pequeno

depois de uma garrafa de vinho em dois no restaurante:

ele: vc dirige?

eu: de jeito nenhum! se a polícia me para tenho problema em dobro do que vc.

um pouco adiante, ele diringindo, vemos um policial no meio da rua escura e vazia (aqui já parece cidade fantasma com o fim da temporada) com a plaquinha de pare na mão. ele me olha com cara de quem diz "agora ferrou".

já começo a procurar os documentos do carro,

enquanto ele estaciona

abre a janela: boa noite

e o policial: Luca? vai, vai, vai pra casa.

na cozinha

acabou de chegar a caixa de frutas e verduras da semana

tudo fresquinho e sem agrotóxico!
foto: adriane hagedorn

da tarde de ontem...

céu de outono no fim do dia

da janela do quarto de hóspedes/escritóriofoto: adriane hagedorn

tô tremendo

o site do paul mccartney caia cada vez que eu selecionava os dois bilhetes

até que corri pro ticket one

e...

dois bilhetes pra 27/11 em milão!!!!!!!

pequena dose de querer perto

estamos a dez passos, ele no hotel, eu em casa. o telefone toca, é ele:

- olha o céu lá fora!

- eu vi!!

- mas saia na varanda e olha à direita... está ainda mais preto!

cinco minutos mais tarde:

- vc viu o céu?

- sim, eu vi

- e mesmo assim vc vai amanhã pra croácia?

- vou. já olhei a previsão e lá não terá tempo ruim. mas a média será de 10 graus.

- ha! 10 graus! e vc vai nesse frio?

- vc não quer que eu vá?

- ah... que nada!

- é uma oportunidade de conhecer um lugar que nunca fui.

- eu também nunca fui. sabe que é mais bonito no verão? ... mas vc vai mesmo?

casa florida

desde domingo tenho girassóis (que não parecem girassóis) na mesa, colorindo a casa:

foto: adriane hagedorn

mesa longa

minha sogra será operada na próxima segunda, e como vai para o hospital no domingo cedinho e voltará pra casa só depois das 3 semanas na clínica de reabilitação de movimentos (ela vai colocar uma prótese de quadril e do hospital vai à clínica com fisioterapeutas), na noite de ontem queria um jantar com todos juntos.

os meninos (de 12 e 4 anos) escolheram ir a uma pizzeria.

mas... minha cunhada tinha que esperar 4 hóspedes do hotel, luca e meu cunhado tinham ainda algumas pessoas no restaurante e eu tinha o meu trabalho.

a solução foi a de fazer pizza em casa. e todos juntos! com degustação de muitas cervejas alemãs!

da primavera ao outono...

... num piscar de olhos!

até ontem a temperatura média era de 24/26 graus.

e o que mais se ouve por aqui é que não faz tanto calor em outubro há 150 anos (segundo uma pesquisa divulgada na tv).

o outono deveria estar começando a chegar... e brum!

chegou de um minuto a outro!

sete da manhã toca o despertador dele... silêncio do lado de fora.

quando ele vai levantar ouvimos esse barulho assustador... como uma tempestade sem aviso que caiu. mas era chuva de pedra, e parecia que o telhado ia cair.

três minutos mais tarde... silêncio.

a temperatura caiu pra 16 graus e uma nuvem cinza se instalou aqui.

bio

nem tudo vai as mil maravilhas quando se opta por uma vida mais politicamente correta...

sabe o que acontece com a cabeça de quem (leia: adriane) usa shampoo bio não testado em animais? coça, mas coça mais do que se tivesse piolho.

vale dizer que minha cabeça independente do shampoo já coça todos os dias. as vezes tenho até vergonha. mas desta vez... ouch. e ainda tem pequenas bolinhas, duas, tipo alergia mesmo. bolinhas que ardem.

mas como não quero correr pra uma farmácia ou perfumaria e voltar a todas as marcas que usei a vida toda, vou tentar outra.

me deram várias amostras na herboristeria... uma tem que dar certo! ah, tem!

foto: adriane hagedorn com hipstamatic

quinta é dia de feira

outro dia parei pra pensar... não tem sentido se preocupar com uma alimentação saudável e continuar comprando ovos no supermercado, frutas de feira ou mercado ou galinha de açougue.

é tão cheio de veneno e hormônio que acho que deve até ser mais saudável comer tudo de latinha, como um astronauta.

o pensamento veio depois que fui a compra semanal de castanhas, sementes (linho, girassol, etc) na herboristeria (um tipo de farmácia natural com produtos de higiene e alimentação sem testes em animais e certificado bio) e vi o cartaz do grupo de frutas e verduras.

quando fiz a inscrição ainda nem sabia se teriam um número suficiente pra fazer a encomenda. mas tem! e agora, a fruta aqui em casa é só de temporada. a pera é cheia de manchas e a maça não é lustrosa como a da branca de neve... mas também não corro o risco do desmaio depois da primeira mordida.

recebi muito radichio - e eu que não sou fã das folhas armagas preparo um belo prato com queijo e fatias de salmão cru a noite! com azeite de oliva local (tbm bio).

por isso, a feira semanal virou pra mim um destino de duas barracas: a do azeite e a do queijo de cabra (compro uma ricota deliciosa e um queijo todo embolorado, como um brie, mas com o sabor forte de cabra que eu adoro).

todos os dias como ainda um iogurte de cabra (sim, virei a neurótica da etiqueta bio). vario entre um italiano e um grego. com müsli e uva passa.

mas não resisto em fotografar a feira...

fotos: adriane hagedorn com instagram

da noite em que não dormi

acabou a alta temporada

e isso significa que o raio da igreja aqui ao lado voltou a badalar a cada meia hora, inclusive na madrugada (tinham parado a pedido do hotel e o sino tocava só das 7h às 24h).

blém, blém, blém: acordo as 3h da manhã.

blém, blém, blém, blum: acordo as 3h30.

blém, blém, blém, blém: acordo as 4h da manhã.

blém, blém, blém, blém, blum: acordo as 4h30.

...

até as 7h.

devo ir à caça de protetor auricular!

...

e eu só consigo pensar que em um cruzeiro não tem igreja.

cadê o navio???

balanço do dia

muita dor na mão direita por conta do corte em que acidentalmente quase arranquei fora o meu dedão

+

dor de cabeça de tanto discutir com meu marido

+

pequenas porções de alegria na primeira entrega de frutas e verduras bio sem agrotóxicos (e por tanto, devo consumir os 6kg semanais = fim dos almoços na casa da minha sogra).

+

uma vontade ENORME de entrar ainda hoje a noite em um cruzeiro de uma semana com internet super rápida pra poder trabalhar e ficar um pouco só.

domingo na montanha

domingo cedo fui à casa dos primos dele, em villa nuova.

vincenzo, marido da prima, queria levar a sua mãe de 86 anos na montanha que ela subiu e desceu enquanto era uma garotinha.

essa poderá ser a sua última vez na montanha.

subimos metade da montanha de carro, até o ponto em que ele nos esperava com o pequeno trator que é capaz de subir ainda mais. rachelle de 4 anos na frente com o avô, e todas nós fomos atrás:

domingo da montanha - parte 2

o destino era "madonna della neve" (ninguém soube me explicar o nome de "santa da neve").por mais impressionante que possa soar, a senhorinha de 86 era a mais ágil de todas! conhecia aquele sobe e desce cheio de pedras como a palma da mão e caminhava ali como se fosse no quintal de casa.o caminho não é longo, mas é cansativo. pouco mais de meia hora sem parada

fotos: adriane hagedorn

domingo na montanha - parte 3

no topo da montanha há a igreja da madonna das neves

uma construção de 1788 que comporta junto uma casa (hoje desabitada). tínhamos as chaves da casa e da igreja.





fotos: adriane hagedorn