quarta-feira, 30 de abril de 2008

de uma madrugada in/tensa

2:07 - ela acordou com um grito de uma voz imponente: é a polícia!

em seguida ouviu os passos barulhentos de pessoas que corriam sobre os telhados avistados da sua não tão alta janela do 5º andar.
as luzes brancas como holofotes entravam pela fresta aberta da veneziana de seu quarto.

ouviu barulhos.
sentiu medo.
e ficou torcendo para cair rápido no sono.

terça-feira, 29 de abril de 2008

da 3ºf da semana passada...

um dia que começou com um arco-iris às 6:30 na Consolação,
seguiu com um leve [bem leve] arco-iris no fim da tarde na Barra Funda,
e terminou com um e-mail de palavras perdidas.





segunda-feira, 28 de abril de 2008

depois de 40 minutos ela levantou e caminhou

não passava das 2:30h da madrugada de domingo para segunda-feira.
ela estava sentada numa cadeira laranja de plástico, no corredor do pronto-socorro, onde seu amigo era atendido.
sentiu sua nuca gotejar pingos quentes.
passou a mão na testa, estava molhada.

sentiu seu corpo amolecer,
o corredor branco escurecer,
e só conseguia pensar: 'não quero que apliquem nada no meu braço!'

sábado, 26 de abril de 2008

checando o estoque

3 vidros de jalapeños;
1 conserva de dedo-de-moça;
1 de tabasco;
1 vidro jimmy;
1 vidrinho yacaré em pó;
1 pacote de pimenta do reino.

pronta pra sentir o céu da boca amortecer.
assim, não sente as outras dores.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

como cócegas nas solas dos pés

ela se diverte com seus fantasmas...

domingo, 20 de abril de 2008

[dela]

adorou a embalagem xadrez de sua balinha de hortelã.

sábado, 19 de abril de 2008

rascunhos de caderneta*

a amiga lhe explicava que desta vez quer encontrar alguém com mais soluções do que problemas.
ela também queria sentir-se assim.

mas os problemas a instigam.


*rascunho datado: 01.01.08

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ela em versão astrid

sempre a intrigou ver a reação de sua pastor-alemão astrid ao ganhar um osso, geralmente o maior, por conta de seu porte.
diferente das duas vira-latas e da poodle, astrid leva o osso ao lugar mais desconfortável do pátio, o espaço com pedregulhos.
e lá, olha para o osso.

ela não sabe o que fazer com tamanha delícia.
enquanto isso, as três outras cachorras devoram os seus pedaços.

por estes dias, ela ganhou um desses ossos.
daqueles bem bons, grandes, com carne e tutano.
mas não sabia o que fazer com ele.

o osso, que posto numa vitrine faz qualquer um salivar um balde, não despertou as suas papilas gustativas.

sentiu-se a astrid.
deu conta de que as vezes, observar de longe é mais satisfatório.

ou talvez, prefira um pé de alface.
afinal de contas, desde dezembro ela extinguiu carnes de seu menu...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

pontos dele \ nela

deitada sobre o lençol de risquinhos lilases, num quarto de hotel, ela olhava as pintinhas vermelhas na pele clarinha dele.
como pontos de sangue.
de vermelho intenso.

passados dias, ela detectou as manchinhas em seu colo.
como se tivessem migrado.
como se fizessem parte de um texto.

pontos coloridos em sua constelação.

domingo, 13 de abril de 2008

do dia em que ela quase virou estatística

ultrapassou um carro lento e espaçoso na albuquerque lins.
o motorista, um moço com não mais que 30 anos, cara de envocado e colar de prata e couro, não gostou de ficar para trás.
a seguiu.
buzinou.
parou atrás dela no sinal.
desceu do carro, agarrou seu cinto de segurança e por pouco não bateu nela.

por sorte, ela nessas horas é a pessoa mais calma do mundo.

só na hora, porque dois minutos mais tarde, quando deu conta de que a mão fechada que enxergou em frente ao seu focinho quase lhe rendeu um olho roxo, ela mal conseguia ficar em pé.
suas pernas tremiam como vara verde.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

de uma noite tepeêmica...

era como se um bicho rugisse dentro dela.
estava oscilando entre picos de raiva destrutiva e humor irônico.
coisas proporcionadas pelos hormônios que brincam como se fossem hamsters em seus brinquedos de gaiola.

na abertura de uma expo no mam ela fez de conta que não viu um moço...
daqueles que agem como xiclé grudado na sola do sapato.
mais tarde encontrou outra goma de mascar, daquelas que perderam o gosto.

perto da meia noite, entrando na garagem de seu prédio viu sua balinha de hortelã passando por sua rua...

ué!?
mudou o trajeto?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

candy shop

é assim que ela costuma ver os homens...
como gomas de mascar coloridas e atrativas.
o problema, é que estas gomas perdem o sabor rapidamente.
e num piscar de olhos transformam-se numa massa incômoda na boca. dificil de mastigar, indigesta e sem graça, que nem mesmo para fazer bolas de estourar servem.

mas vez ou outra ela encontra uma discreta balinha de hortelã em meio a tantas gomas coloridas.
e balinhas de hortelã deixam um sabor delicioso... mesmo quando acabam.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

do domingo com os melhores amigos...

ela chegou em sp ainda cedo.
cansada.
dormiu duas horas antes de encontrar a amiga no villa bahia.
longo café, seguido de cinema e almoço.

começava a escurecer quando ligou para seu amigo.
- quer beber uma cerveja? [disse ela].
- mas vc já acordou?
- já!!! [risos]. e vc?
- ainda não dormi. legal tomar cerveja as 7 da manhã!
- mas são 6 da tarde!

seguiram para a casa dela.
lá fora chovia.
beberam cerveja, falaram de amores, casamentos, corações partidos, expectativas, sacanagens, e dançaram cumbia!
tchic-tchic-tchic
tchic-tchi
tchic-tchic
...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

do clima romântico dela na manhã de sexta-feira...

o horóscopo dela diz:
a lua em peixes torna tudo mais romântico no amor, e a presença de vênus e urano neste signo aponta para união de alma, compreensão e clima mágico. (fonte: folha de sp).

ela corrige:
mágico como um soco no estômago.

ela equilibra-se por aí com carabinas ao seu redor...



o dia em que ela não passou o batom rosa

sabe aqueles bonecos de academia que servem para pancadas?
hoje um deles usava uma saia oleg cassini, uma frente única listrada, salto e atendia pelo nome de adriane.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

godard vai pedir carinho. alguém libera uma receita de dispropan??


ela tem passagem marcada para a noite de sexta-feira.
vai para a casa de sua mãe.

logo cedo ligou pedindo para que providenciassem uma receita de diprospan, a injenção de corticóides que permite que ela afague seus gatos.
mas o médico recusa-se a receitar-lhe.

parece que ela já usou por demais.
e sem a agulhada não aguentará os pêlos dos bichanos...

isso conta pontos?

no começo da noite, as duas conversavam.
atualizavam-se.
construiam teorias.
reviam histórias.

ela não quer seguir o padrão de comportamento esperado.
costuma dar um foda-se à isso.
faz o que sente.
se não sente, apaga o número da agenda.
e não atende números desconhecidos.
resquício de neuroses anteriores.

ao menos concluiram que mesmo as garotas independentes gostam de cavalherismos.
de moços que dividem as contas com elas, mas que pagam a primeira, como manda o figurino.
gostam também dos que tem o cuidado em deixa-las para o lado de dentro da calçada.

ela tem um amigo que sempre faz isso.
e ela pensa onde a história deles deu errada.
sim, eles tiveram um breve affair.
mas preferiram ser amigos.

ela conta suas histórias à ele.
e ele diz: - "cai fora". ou, "esse cara eu admiro. vai fundo".
não que isso vá contar no final das contas.
mas é sempre bom ouvir.