domingo, 7 de março de 2010

red velvet

ao lado de uma amiga, avistou seu carro
sujo, do tipo encardido
a prefeitura quebrou o asfalto da rua em que trabalha
e a poeira que levanta dia após dias
tenta mudar a cor que antes era prata

nem isso podia tirar o sorriso de seu rosto
nem sua conta bancária
nem os quilos a mais instalados em seu quadril

ela tinha rosas vermelhas sobre sua mesa
com folhas verdes-avermelhadas de camélias
e pequeninos botões de camélia
num embrulho de papel de seda musgo fosco
com um laço do mesmo tom

nada pode desmanchar seu sorriso
nem mesmo a neve que chegou sem aviso naquela cidade onde estará em poucas horas
o almoço errado no restaurante da augusta
ou o mau humor que se instala vez ou outra em seu pai

sua mãe acha que ela nem vai voltar
mas ela vai

pra lá e pra cá