segunda-feira, 31 de março de 2008

eles são bons com as palavras ditas e escritas


o primeiro encontro deles foi em um cinema.
av paulista.
21h.

ela tinha receio em atrasar-se. era sexta-feira santa e havia trabalhado o dia todo. na hora de sair de casa, uma passeata católica fechava a sua rua.

chegou a tempo. e enquanto discava, o viu de longe. os dois vestiam-se com a mesma cor, azul marinho.

na tela, cenas de sangue e violência.
nas cadeiras, braços que se encostavam sutilmente.

seguiram à um bistrô.
bloody mary seguidos de beijos.

dois dias mais tarde, encontraram-se num aeroporto.
passearam de mãos dadas pela cidade.
sentiram-se.
caminharam incansavelmente por novos cenários.
fotografaram.

ele não deixou que ela lhe desse tchau no dia em que ele voltou a são paulo.
disse que é péssimo em despedidas.
era como se não fossem se ver por um longo período.
- mas são só poucos dias. [ela lhe disse].

esqueceu um tricô no quarto do hotel.
deixou registros de seu cheiro, como se ainda estivesse lá.
ela não precisaria mais pedir para que a camareira não trocasse o lençol.

usted viaja con Gardel

na volta...
Gardel e muito tango

um ônibus rolinga



ônibus 124
destino: museu bellas artes

rolling stones tocando alto

sexta-feira, 28 de março de 2008

sexta-feira, 21 de março de 2008

vai e vem no outlook

será que somos tão bons com as palavras ditas como somos com as escritas?

quinta-feira, 20 de março de 2008

se precisar de máscaras espA(e)ciais, ela vai de lygia clarck

o esmalte vermelho de seus dedos dos pés não mais atravessarão o apartamento do moço que lhe deu uma lua.

ela pontuou um céu escuro.
não quer mais fazer parte desta constelação.
quer seguir, como as nuvens que rapidamente se movimentam com os ventos fortes.

não quer brilhar entre três marias.
bastam as sardas em seus ombros.

esta luz não faz seus olhos brilharem.

um céu sem estrelas cadentes, sem cometas e sem raios.
gentilmente, ela cede o espaço.

olha as unhas vermelhas se movimentando no chão de madeira de sua sala.
pesa as palavras levianas ouvidas no último mês.

procura a melhor forma de dizer: - vai se foder.
se a competição é a de quem faz o melhor conto de fim de semana, a imaginação dela pode até atravessar galáxias.
enquanto a dele, não vai além de uma nuvem carregada de poluição.

segunda-feira, 17 de março de 2008

o eterno retorno?*

conversava outro dia com a dra. vodca...
- porque sempre encontro desses caras? [referindo-me aos moços que inevitavelmente fungam em banheiros de bares].
e ela sabiamente me disse:
- e estão sempre com os dentes estragados e não funcionam.

pois é.
o disco vira.
o bar muda.
e... voilà!
caio na mesma rede.

gengivas sangrando?
thank's, já ví isso por demais.
dente estragado?
tenho uma alicate na gaveta. quer que eu faça o serviço?
quer dormir?
antigamente eram as mulheres que carregavam na caixinha de músicas ao lado da cama, a desculpa da dor de cabeça.

não beibe, não fui ao banheiro sem te convidar.
é a minha renite arrancando a pele interna do nariz.



* texto encontrado em rabiscos numa caderneta - sem data.

sexta-feira, 14 de março de 2008

coreografia eróticas - do luxo ao lixo

12.03
o convite dizia: entre no parque com o pisca alerta ligado, circule a 20 km de velocidade. a noite era de chuva forte e os manobristas não figuravam entre os dez mais espertos. o espetáculo do grupo corpo, apresentado pela h.stern no auditório do ibirapuera estava marcado para as 21h.

20:20 - cheguei no ibirapuera.
21:25 - consegui entrar no auditório!!! embaixo de chuva, protegida por um guarda-chuva verde musgo da estapar.
21:40 - fila g. um dos melhores lugares do espaço.

o grupo corpo apresentou o ballet lecuona, com músicas do cubano ernesto lecuona. danças eróticas, as vezes quase orgásticas. provocativas, tanto que o casal atrás de mim ora ou outra dizia: "porque você nunca fez isso comigo?" (ele em referência a coreografia que um casal rolava no chão, como se fosse um 69). em outro momento o indiscreto disse: "ah, disso você gosta" (era a cena de uma mulher pega por trás).

esses comentários deveriam ser poupados dos ouvidos alheios. ou, ditos em cochicho muito discreto.

***

13.03
19:30 - cruzamento da al. albuquerque lins com marechal deodoro.
os três carrinhos / barraquinhas de sempre estavam lá: a de chocolates e balas, a do florista que saiu da cadeia e não acha quem lhe dê emprego e da moça que troca pulseiras de relógios e vende pilhas. a terceira, que está sempre sozinha, tinha ao seu lado três crianças, entre quatro e no máximo oito anos. imaginei que são seus filhos e que ela não teve com quem os deixar neste dia.

a cena foi degradante e irritante. as crianças dançavam a tal coreografia do créu. o menino (o mais velho da turma) agarrava a bunda gigante da mãe por trás. e as meninas que tinham entre quatro e seis anos, estavam numa cena quase masturbante.

a vontade foi de mandar a mãe - ou o que quer que seja - pra puta que pariu.
sentados no degrau do metrô marechal, um bando de caras, se deliciavam com o show.

quarta-feira, 12 de março de 2008

em comum eles têm o crème brûlée e o balcão do cbzinho

caiu como uma bomba

ela pensava ter aprendido a selecionar as pessoas que escolhe para fazer parte de sua vida.
pensou errado.

...

seu horóscopo gritava em sua caixa de e-mails logo cedo:
today you will receive an intriguing message from a distance away.

intrigante era pouco.
por sorte, ela sempre ouve os amigos de verdade.

domingo, 9 de março de 2008

vou continuar querendo bem, mas com uma distância saudável

aftas, erupção na pálpebra, taquicardia e mal estar.
dor nas costas, noites mal dormidas e enjôo.

podia fazer parte de uma música 90's dos titãs, mas é meu corpo berrando para eu não tentar consertar as vidas de quem quero bem.

das coisas que ela não suporta...

¢ restos de sabonte - principalmente se colados um ao outro;
¢ café derramado no pires de seu expresso;
¢ desculpas esfarrapadas - porque ela pode ficar em silêncio e ler os olhos de quem com ela fala.

quarta-feira, 5 de março de 2008

respiro

ela vai conseguir entregar seu coração de todo?

terça-feira, 4 de março de 2008

das coisas estranhas que fazem parte de sua vida

lendo o texto de sad as a truck ela lembrou do dia em que foi sabotada pelo sistema. ela procurou [mas não encontrou] o texto em que contava do dia que seu outlook não lhe entregou seus e-mails, seu celular ficou fora de área e o caixa eletrônico não reconhecia seu cartão. parecia o último episódio de lost, que ela assistiu ontem a noite com os amigos estrangeiros.

ainda bem que foi só um dia.

mas as coisas estranhas não lhe deixam sozinha. continuam a acontecer.
deve ser o seu fantasma - aquele que faz seu amigo alfabético tremer de medo - sim, ela tem um fantasma camarada.

como tem dormido pouco em casa nos últimos dias, tem o visto muito pouco. até já pensou que talvez ele esteja se sentindo sozinho. prometeu dar-lhe mais atenção. e noites sozinhas em sua cama para que ele cuide de seu sono.

vez ou outra um poste apaga quando ela passa sob a luz na rua. ela adora quando isso acontece.

ela acha que seu private ghost está buscando companhia em sua amiga. que não é mais nova amiga, e que figura na lista das pessoas mais especiais de sua vida. veja:
seu celular quebrou. alguns dias depois o pneu de seu carro furou e ela ficou presa dentro da casa de seu moço.
pois bem. a amiga ontem lhe disse:
- não respondi teu recado porque meu celular quebrou. e você não sabe! meu pneu furou!
[ela respondeu:]
- cuidado para não ficar presa no apartamento do pablo.
- eu quase fiquei! a porta não queria abrir!!!

aviso aos discadores de plantão

atendo telefonemas de madrugada sem o menor problema.
mas please, abra a boca e solte algumas palavras!!!!
não me faça levantar da cama para ouvir silêncios.

os silêncios proferidos por meu sono, intercambiados por falas distorcidas, me satisfazem muito mais.