ela acordou às 4h
não encontrou ele na cama.
tampouco ele tinha conseguido dormir naquela madrugada.
ele estava na sala assistindo televisão.
ela foi até o banheiro,
fechou a porta delicadamente para ele não ouvir.
se trancou.
e ali ficou por mais de uma hora.
colocou pra fora todas as lágrimas que arranhavam a sua garganta.
as duras palavras do urólogo se repetiam dentro da cabeça dela:
- parem de se iludir. não há mais nada a ser feito. o outro médico só está dando esperança em vão, disparando remédio sem razão e tirando muito dinheiro de vocês.
eles precisam da ilusão que o outro médico os dá.
mesmo que custe caro. eles ainda não sabem lidar com a sentença permanente dos outros doutores.
ele se faz de forte.
ela se tranca no banheiro pra se fazer de forte.
mas assim que ela abre a porta, ele vê seus olhos inchados,
sua cara de funeral e a abraça forte.