quarta-feira, 13 de março de 2013

nó na garganta

ela acordou às 4h
não encontrou ele na cama.

tampouco ele tinha conseguido dormir naquela madrugada.

ele estava na sala assistindo televisão.

ela foi até o banheiro,
fechou a porta delicadamente para ele não ouvir.

se trancou.
e ali ficou por mais de uma hora.
colocou pra fora todas as lágrimas que arranhavam a sua garganta.

as duras palavras do urólogo se repetiam dentro da cabeça dela:
- parem de se iludir. não há mais nada a ser feito. o outro médico só está dando esperança em vão, disparando remédio sem razão e tirando muito dinheiro de vocês.

eles precisam da ilusão que o outro médico os dá.
mesmo que custe caro. eles ainda não sabem lidar com a sentença permanente dos outros doutores.

ele se faz de forte.
ela se tranca no banheiro pra se fazer de forte.

mas assim que ela abre a porta, ele vê seus olhos inchados,
sua cara de funeral e a abraça forte.