quarta-feira, 12 de setembro de 2007

diálogos que acontecem na janela da sala

Louco 1: Âáaaaaaaaaaaaaa me leva juntoooooooooo!

Louco 2: Levo nãoooooooo!

Papagaio do vizinho: Me leva junto!



Sou vizinha de uma casa franciscana, que tira homens doidinhos da rua e bota eles nesta construção do começo do século XX.

Um deles berra feito uma moto-serra a madrugada inteirinha. Outro passa o dia sentado ao lado de um poste com a bandeira do Brasil, e quando alguém o provoca tentando mudar a sua cadeira do lugar ele mostra os dentes feito a poddle do meu pai quando alguém diz "vamos tomar banho?".

Ainda tem um que vez ou outra surta chamando todos os padres de veado, bicha e tudo mais que lhe vier à cabeça. E faz ameaças de morte. Este pra mim é o mais divertido.

E tem um que pede dinheiro no sinal, na Eduardo Prado. Acho que é um dos poucos que tem autorização pra sair.

As vezes penso se não tem um Artur Bispo do Rosário em potencial por ali, que tem seus pensamentos castrados pelos padrecos que não o entendem. Pensamentos amordaçados, trancafiados dentro de cadeados que têm suas chaves engoliadas, assim como as freiras do meu colégio sugeriam quando queriam silêncio. "Feche a sua boca e engula a chave". A pergunta martela na minha cabeça até hoje: - como vou engolir a chave se a boca está fechada com um cadeado imaginário?