domingo, 2 de setembro de 2007

chocolate na cama [ou: ela não sabe um título para este post]


Ela mora num apartamento de 1964, mesmo ano que Jean Pierre Lèaud se fez ouvir nas portas da cinemateca francesa. Ela fez questão de passar na porta no dia seguinte a sua chegada em Paris, precisava estar ali, naquele lugar. Mas já haviam se passado quatro décadas e ninguém mais quer sentar na primeira fila do cinema.

Ela tem um amigo que compartilha o gosto. Por isso deixou de ir sozinha ao Unibanco da Augusta – assiste o que for, só para sentar bem lá na frente.

Na noite passada ela dormiu pouco, por conta de um amanhecer delicioso que teve. A banheira do apartamento dela não é mais branquinha. Tem agora uma mancha vermelha rosada que insiste em ficar. É que ela derrubou o vidro daquele esmalte que tanto gostava e que não existe mais. É aquela cor que sempre está no pé dela. E que ela insiste pras manicures procurarem um tom próximo.

A vontade dela hoje era a andar no carro com a cabeça pra fora da janela, feito um cachorrinho. Mas a ação se aproxima àquela brincadeira besta que fazia com uma amiga quando tinha uns 17 anos, e dirigia por poucos longos segundos com os olhos fechados - com os da amiga bem abertos.

As pessoas a acham muito sóbria hoje em dia. Deve ser porque por estas bandas não chegaram as suas histórias. E também não sabem que ela descobriu que loucuras privadas têm um sabor mais açucarado.